PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS: FATORES QUE PREDISPÕEM AO ERRO E AS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Maristela Soares Rezende, Francine Merten Aguiar

Resumo


 

A diversidade de medicamentos oferecidos no mercado, suas especificidades e os efeitos que estes podem acarretar ao organismo, representam uma das grandes preocupações para os profissionais de enfermagem que lidam todos os dias com vidas que precisam destes fármacos. Sentimentos se difundem, entre a responsabilidade e o receio do erro, a pressão e a exaustão da equipe. Administrar medicamentos requer habilidades altamente técnicas e extremamente precisas, exigindo do profissional, amplo conhecimento em terminologias medicamentosas, vias de administração e os seus efeitos. Então, deve-se considerar o processo de administração mais que uma prestação de serviço: é uma prática meticulosa de atenção a detalhes, de pensamento crítico, competência e que deve prezar pela segurança do paciente. Para tanto, este estudo foi realizado objetivando identificar situações e fatores que predispõem os profissionais aos erros no processo de medicar e pontuar as estratégias de prevenção, bem como, averiguar o conhecimento destes, quanto às possíveis consequências dos erros para os pacientes, a instituição e os profissionais, assim como, as condutas administrativas adotadas pela instituição. O estudo foi realizado em um hospital de médio porte, no interior do Estado do Rio Grande do Sul, fundado no início do século XX. É considerado um dos principais hospitais da região por ser referência para procedimentos cirúrgicos traumatológicos eletivos, de alta complexidade e gestações de alto risco. É também um hospital de ensino que oferece campo de estágio para vários cursos técnicos e universitários, bem como, para residência médica. Participaram da pesquisa 25 profissionais da enfermagem. Destes, sete são enfermeiros e 18 são técnicos de enfermagem. A sobrecarga de trabalho e falta de atenção foram pontuadas pelos profissionais como fatores predisponentes ao erro de medicar, levando-os a apontar como consequências para o paciente, prejuízos em sua recuperação e questões judiciais para os profissionais e instituição. As condutas administrativas citadas pelas enfermeiras foram desde advertências até a demissão. No que tange as estratégias para evitar essas iatrogenias medicamentosas, é notável a adoção de métodos distintos pelos profissionais. Assim, pode-se inferir que os erros não competem a um culpado, portanto, se faz necessário alterar os sistemas, disseminar atualizações profissionais, reestruturar as instituições, a fim de proporcionar ao profissional melhores condições de trabalho, possibilitando que este exerça e aperfeiçoe suas atividades. Pensa-se ainda que, a redução nos índices de erros possa ser alcançada, na medida em que os profissionais sejam sensibilizados, valorizando a sua responsabilidade. Da mesma forma, entende-se que a instalação de uma política de educação continuada dentro das instituições de saúde para estabelecer novas práticas e garantias de segurança ao usuário, denota uma preocupação constante na busca de implementações de medidas para melhorias nesse processo. Acrescenta-se também o quão seria importante, abolir a cultura de punições e a busca de culpados pelo erro, transformando este exercício em algo que realmente traga benefícios para as instituições, colaboradores e, em especial, para o usuário.

 


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