ACOLHIMENTO EM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL: ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO E PERFIL DO USUÁRIO.

Terezinha Eduardes Klafke, Ieda Cristina Morinel

Resumo


 

O presente trabalho visa apresentar uma pesquisa realizada em um serviço de Saúde Mental do município de Santa Cruz do Sul, analisando a clientela que busca este serviço e como este organiza a entrada dos mesmos. Inicialmente foi realizado o levantamento de quatro meses, o que constituiu uma atividade obrigatória do Estagio Integrado em Psicologia da UNISC. A atual pesquisa é seqüência daquela, visando um aprofundamento o já pesquisado, e para tanto se optou por estender o período de pesquisa para um ano. O tema central foi o acolhimento, que é uma das diretrizes de maior importância e destaque da Política Nacional de Humanização (PNH) e do Sistema Único de Saúde (SUS). Solla (2006) refere-se ao acolhimento como a humanização do atendimento, destaca que este “pressupõe a garantia de acesso a todas as pessoas… é uma escuta qualificada, dando-lhe sempre uma resposta positiva e responsabilizando com a resolução do seu problema”. Tivemos como objetivo analisar as modalidades de entrada do serviço que no presente caso pode dar-se por meio de grupo de acolhimento ou entrevista inicial individual, que recebe o nome de triagem, para casos com maior urgência. Realizou-se a analise dos indivíduos que buscaram o serviço, no ano de 2010, verificando quais se tornam usuários e quem não se tornou, recebendo encaminhamento para outro serviço da comunidade. Foram coletados dados das fichas de grupos de acolhimento e das triagens. Para esta coleta, o instrumento utilizado foram fichas de registro de dados referente à idade, sexo, diagnóstico e/ou sintomatologia do paciente, dados sobre a origem do encaminhamento e sobre as decisões tomadas frente a cada caso. A análise dos dados foi feita através de método quantitativo, apoiado pelo SPSS. Como resultados apontamos que o referido serviço recebe somente pacientes encaminhados pela rede de saúde do município, o que possibilita a troca de informações e experiências, pois são estes profissionais que farão a rede funcionar. Um dispositivo construído para este trabalho em rede é cada Estratégia de Saúde da Família (ESF) possuir um técnico de referência no CAPS II, que é o profissional que faz os contatos entre o serviço e o ESF do qual é responsável. Assim, muitos pacientes referenciados ao CAPS II podem ser contra-referenciados para a rede, mas ainda amparados pelo serviço, através do técnico de referência. Os resultados obtidos demonstram uma procura maior por individuos de faixa etária entre 35 a 55 anos com sintomas de ansiedade e de transtorno de humor. O número de pacientes recebidos em cada modalidade de ingresso é práticamente igual, o que pode ser atribuido ao fato de que há pouca oferta de grupos de acolhimento, e isto possivelmente acarreta em sobrecarga de trabalho pois constitui-se em grande demanda de atendimentos individuais. Verificou-se que existem poucos encaminhamentos explicitos para a rede de saúde do municipio, sendo a maioria orientada a permanecer participando do grupo de acolhimento. Observou-se tambem que há significativa diferença entre o número de encaminhamentos realizados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), que encaminham mais pessoas, do que pelas Estratégias de Saúde da Familia (ESF’s). Acreditamos que isto se dá pelo fato das ESF’s possuirem no CAPS um profissional de referencia e por terem equipes mais completas e trabalham em equipe.

 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.