CRACK E ADOLESCÊNCIA: FATORES DE RISCO PARA O CONSUMO
Resumo
O consumo de drogas sempre existiu ao longo da história da humanidade e em todas as culturas. Principalmente para amenizar um sofrimento psíquico e/ou físico, os humanos buscavam e, ainda, buscam um estado artificial de bem-estar em substâncias psicoativas. No Brasil, diferentes tipos de drogas frequentemente entram no mercado do tráfico, tanto drogas ilícitas quanto drogas lícitas. Até bem pouco tempo, a maior preocupação da sociedade restringia-se à maconha e à cocaína, porém, hoje o crack vem conquistando espaço e trazendo consequências avassaladoras ao organismo, na medida em que afeta destrutivamente e com considerável rapidez o sistema físico e psíquico. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo investigar os fatores de risco no consumo de crack na adolescência. O material analisado foi constituído por 9 entrevistas realizadas com adolescentes, cuja faixa de idade limitou-se a 21 anos incompletos no ato da entrevista, usuários de crack de Santa Cruz do Sul, durante o ano de 2010. Como se trata de uma pesquisa documental, estas entrevistas foram retiradas de uma pesquisa de abrangência municipal, intitulada “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul”, realizada com usuários adolescentes e adultos que participavam de serviços de assistência aos dependentes de crack deste município. Os dados obtidos a partir destas entrevistas foram tabulados no software estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science, versão 17.0) e todas as respostas foram analisadas de forma quantitativa. Dentre os resultados obtidos nesta pesquisa, contatou-se que os usuários entrevistados são homens, solteiros, com baixa escolaridade, sendo que a maioria mora com a mãe e os irmãos. Os primeiros contatos com as drogas ocorreram no início da adolescência. O consumo de drogas geralmente é iniciado com substâncias consideradas mais leves, como o cigarro e álcool. A curiosidade é apontada como o principal motivo para começar a usar drogas. Entre os familiares dos usuários, os irmãos são os que fazem o uso do maior número de drogas diferentes, seguidos pela mãe e pelo pai que utilizam, principalmente, cigarro e álcool. Foram destacados no ambiente familiar dos entrevistados as brigas, os vícios e a tristeza. As principais mudanças percebidas na vida destes sujeitos após o uso do crack foram a deterioração das relações familiares e de amizade, a falta de confiança das pessoas próximas e a perda/piora de tudo/de muitas coisas. Portanto, para trabalhar com o fenômeno da drogadição e pensando a partir dos fatores de risco levantados por esta pesquisa, se faz necessário compreender o indivíduo a partir de um modelo biopsicossocial de saúde e considerá-lo em sua totalidade. E, ainda, o tratamento deve alcançar as questões de ordem orgânica, psicológica, social, econômica, cultural e legal, para que assim se possa fazer, efetivamente, uma contrapartida aos fatores de risco, ou seja, trabalhar com os fatores de proteção. Palavras-chave: Crack, drogas, adolescência, fatores de risco.
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