ANÁLISE MOLECULAR DE Mycobacterium tuberculosis NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE

Manuela Filter Algayer, Lia Gonçalves Possuelo, Suzane Beatriz Frantz Krug

Resumo


Introdução: A incidência da tuberculose (TB) no sistema prisional é vinte e oito vezes maior do
que na população em geral. A genotipagem de Mycobacterium tuberculosis é uma ferramenta
útil para estudos epidemiológicos, identificando cepas com maior prevalência e dispersão na
população. Objetivos: Agrupar por similaridade genética as amostras de M. tuberculosis
correlacionando com informações epidemiológicas. Métodos: Identificou-se no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação, a população privada de liberdade (PPL) com TB no
período de 2013 a 2014. Os que apresentaram cultura positiva foram isolados e tipificados por
análise de polimorfismo de comprimento de fragmento de restrição IS6110 (RFLP), os padrões
foram analisados no Bionumerics v. 6.0. Foram definidos clusters, grupos com dois ou mais
isolados, que apresentavam padrões de RFLP idênticos em relação ao número, tamanho e
posição das bandas, sendo nomeados de C1 a C9. Dados clínicos foram analisados no
programa SPSS v. 23.0 e os resultados expressos em média, desvio padrão, números absolutos
e percentuais. Para comparações de variáveis categóricas foi utilizado o teste do qui-quadrado
de Pearson, para os quais valores de p ≤ 0,05 foram considerados significativos. Resultados:
Foram notificados 389 casos de tuberculose, 265 (68,1%) apresentaram cultura positiva.
Obtiveram-se isolados de 83 (31,3%) pacientes, homens, com média de idade de 33,35 (±9,52).
Dos 83 genotipados, foram identificados 55 padrões distintos. Quarenta e seis isolados (55,4%)
apresentaram padrão único e 37 (44,6%) foram agrupados em nove clusters, sendo que, a
variação de isolados por cluster foi de 2 a 10, sendo o cluster C6 o maior deles (10 casos).
Dezessete (46,0%) dos isolados em clusters já haviam realizado tratamento para tuberculose
anteriormente (p=0,15), 6 (35,3%) foram identificados em um mesmo cluster (C1). Dezesseis
(19,3%) dos isolados eram HIV positivos e 18 (21,7%) não realizaram o teste. Quarenta e
quatro (53,0%) foram curados e 18 (21,7%) abandonaram o tratamento. Sete (8,4%)
mostraram-se resistentes, 4 (4,8%) apresentavam multirresistência à isoniazida e rifampicina.
Conclusões: O estudo demonstrou um elevado percentual de recidiva da doença dentro das
instituições penais, parte com o mesmo perfil de similaridade, porém não foi encontrada
relação de resistência. Apesar de ser mandatória a realização de teste de HIV, ainda observa-se
a não testagem para diagnóstico de coinfecção

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