Ensinar música a partir da potência dos começos

Roberto Kittel Pohlmann, Felipe Gustsack

Resumo


Neste artigo, a proposta é discutir concepções de música para interrogar se é possível seu ensino. No decorrer histórico, muitas definições foram atribuídas à música e, talvez, o atavismo grego seja o mais enraizado na cultura ocidental, daí a ideia de que a música é um dom. Nos tempos atuais, a música ressurge como disciplina escolar, compondo os currículos nos mais diversos contextos de ensino. Discutir concepções de música importa porque se atribuirmos a ela um caráter divino, se encerra a perspectiva do ensino, visto que o dom está dado e emergirá ou não em algum momento. De outro lado, pensarmos a música como língua a inclui no plano do ensino, pois nesse sentido é poiesis, linguagem fundante de sentido, mas que pressupõe aprendizagem de seus fazeres específicos. Língua é entendido como uma convenção de símbolos e seus possíveis modos de organização para produzir sentidos. Quando a língua ultrapassa a dimensão instrumental- a de servir para alguma coisa- se torna dimensão da linguagem, que é entendida como uma maneira de estar com e no mundo, uma intervenção significativa com e nele. Assim, o que pode ser ensinado é a convenção, a língua, ou seja, só podemos ensinar os símbolos e as possibilidades de sua organização, o comum a sociedade. Pois a música, assim como outras linguagens, tem algo que nos escapa em seu poder de inventar, criar e fundar sentidos. Sendo assim, podemos apenas ensinar a língua musical, jamais essa intervenção com o mundo, esse aspecto pessoal.

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