O ensaio é atravessado por uma escrita marcada pela complexidade que é perguntar sobre aquilo que nos torna interessantes e inteligentes, únicos pelo poder de ultrapassarmos nossa humana condição de reinventarmos modos de viver no mundo, desde a infância. O objetivo é refletir e discutir como o processo de escolarização de crianças pequenas pode ocorrer sem privá-las do direito à experiência da complexidade que é viver suas infâncias. Trata-se de uma pesquisa em desenvolvimento sustentada no pensamento fenomenológico de Gaston Bachelard para realizar uma discussão e aproximação entre filosofia e pedagogia através do estudo da imaginação poética como fundante na formação do humano poder de interagir com outros. Trago a dimensão poética da imaginação para pensar a infância e isso não significa abandonar a razão, mas provocar rupturas em concepções lineares de mundo e de práticas pedagógicas. Ao refletirmos a relação entre infância, dimensão poética e imaginação pode parecer óbvio que o discurso da razão fique alheio, no entanto o filósofo Bachelard colabora neste questionamento: o que eu faço com o que fizeram de mim? E com este intuito a filosofia tem uma tarefa homérica: Conhece-te a ti mesmo. Talvez isso possa acontecer no conversar, na dimensão poética do linguajar e com a própria filosofia, redefinindo modos de aprender a imaginar e perceber o mundo/as pessoas não a partir de uma única racionalidade, mas também com outras formas de ser e estar, pensar e interagir no mundo.