Apresentamos, neste ensaio, reflexões decorrentes de uma investigação narrativa realizada com quatro docentes de crianças de três a seis anos de idade, em uma escola da rede privada no RS. A pesquisa, de cunho fenomenológico, teve a intenção de indagar questões que emergem na ação docente de documentar a experiência de encontros entre adultos e crianças na educação infantil. Problematizamos a responsabilidade educacional em acolher e responder ao outro, acreditando que educar diz respeito ao modo como nos tornamos presença com os outros, na perspectiva da pluralidade e da alteridade. Os encontros com os docentes possibilitaram compreender que pensar o processo de documentação requer pensar em uma docência que aprenda a narrar. Nesse sentido, a pesquisa contribui para pensar que a escolha pela documentação pedagógica é, também, a escolha por uma docência narrativa, que privilegia o tempo para a experiência do encontro. Ao registrar e documentar narrando a ação pedagógica, os docentes tornam visível o fenômeno educativo que merece ser contado. Assim, o estudo nos ajuda a perceber a documentação pedagógica como ação que pode legitimar a possibilidade do encontro e atentar para a narrativa deste fenômeno como algo que constitui e singulariza uma docência com crianças pequenas. Uma docência que, ao aprender a escrever, a nomear experiências pelo ato poético da narrativa, torna a palavra um acontecimento.