Loucura e cidade: (des)encontros

Najara Lourenço, Betina Hillesheim

Resumo


O presente trabalho integra a pesquisa “Cidade e loucura: entre liberdades e aprisionamentos”, desenvolvida em Santa Cruz do Sul – RS, que tem como objetivo investigar as estratégias contemporâneas de enclausuramento e institucionalização da loucura na cidade. Tais estratégias são compreendidas como práticas que produzem o aprisionamento e a institucionalização da loucura na cidade, nomeando e fixando um lugar para o louco. A luta antimanicomial emerge no Brasil na década de 80 como um movimento que rompe com o paradigma de tratamento que pressupõe o isolamento e a exclusão dos indivíduos. A luta antimanicomial traz outras compreensões sobre a loucura e o louco no espaço social, afirmando o cuidado em liberdade e efetivando um processo de desinstitucionalização da loucura. Para isto, consolida-se, no Brasil, em 2002, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que propõe um modelo de atenção e cuidado às pessoas em sofrimento psíquico pautado em uma lógica comunitária e territorial. Neste sentido, assinala-se o entrelaçamento entre educação e saúde, pois o CAPS busca produzir novos modos de pensar e fazer a saúde mental, mediante outras práticas de cuidado. Muitas práticas realizadas nos serviços substitutivos mantêm a lógica de exclusão, tutela e patologização da vida, conservando a institucionalização da loucura, agora em outros espaços da cidade. Deste modo, há um tensionamento entre práticas de liberdade e práticas de controle na compreensão e atenção à loucura.

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