A partir das ideias de Kusch, esta pesquisa em curso visa conhecer e compreender como Mbya-Guarani apresentam e expressam sua cosmologia (Nhanderekô) e os sentidos que atribuem ao Facebook, com ênfase em dimensões de humor e brincadeira, comunidade, ancestralidade e religiosidade e engajamento político. Além do Facebook, a pesquisa ocorrerá nas aldeias de Estrela Velha e Salto do Jacuí, com lideranças políticas (caciques) e professores das escolas diferenciadas; compreender as dimensões de estar-siendo (afronta ao ter e ao ser alguém, condição de estar em relação intrínseca com o solo em que pisamos), hedor (fedor, marca que nos distingue como americanos), fagocitação dos conhecimentos (relação dialética; absorção das coisas asseadas do ocidente pelo hedor da América, como um modo de equilíbrio ou reintegração do humano) (KUSCH, 1986) em relação ao uso das tecnologias. Na linha de Epistemologias do Sul (SANTOS, 2012), problematizo o encontro entre pensamento abissal e ecologia de saberes e as epistemologias desestabilizadoras do pensamento ocidental identificadas na cosmologia Guarani e manifestas no Facebook. A pesquisa é realizada na perspectiva etnográfica, com vivência nas comunidades, interação no Facebook, entrevistas semiestruturadas, gravações, filmagens, registro de imagens e diário de campo.