A REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL PARA PACIENTES ADOLESCENTES: ENCAMINHAMENTOS NECESSÁRIOS EM CASOS DE IDEAÇÃO SUICIDA E TENTATIVA DE SUICÍDIO DE ADOLESCENTES ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE EMERGÊNCIA
Resumo
Introdução:O suicídio de adolescentes é considerado uma questão de saúde pública, necessitando de adequação e aprimoramento dos serviços de saúde para atuar nesta problemática. No Brasil, algumas medidas estão sendo tomadas, como a criação e implementação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pela Portaria no 3088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011. Os objetivos da RAPS são: Ampliar o acesso à atençãopsicossocial da população em geral; promover a vinculação das pessoas com transtornos mentais e com abuso do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias; e garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando a assistência por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências (BRASIL, 2011). Este trabalho apresentará a análise de dados coletados com as Assistentes Sociais que participaram do PRMS e as profissionais de Serviço Social que atuaram em Serviços de Emergência nos últimos cinco anos, visando identificar os processos de trabalho destas profissionais diante de casos de ideação e tentativa de suicídio de adolescentes. MÉTODO: Estudo descritivo com abordagem
qualitativa, elaborado a partir de entrevistas semiestruturadas, realizadas com três ex-residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, com ênfase em Atenção de Urgência e Emergência, e três Assistentes Sociais do Hospital Santa Cruz. A coleta dedados foi realizada entre os meses de março e junho de 2018. RESULTADOS: O estudo constatou a sistemática no processo de encaminhamento e comunicação entre as equipes de referência dos serviços de Saúde Mental, em especial o CAPSIA e a equipe de saúde doServiço de Emergência. Essa comunicação, seja para discutir casos ou para encaminhar pacientes, se faz de diversas formas, como: encaminhamento médico; encaminhamento Psicossocial, documento de referência e contra-referência, carta de encaminhamento, correio eletrônico, ofício e contato telefônico. Não ouve relatos de discussões de casos entre as equipes, fator que poderia servir como aliado ao tratamento pós-alta hospitalar. Não surgiu nos relatos qualquer experiência de atendimento conjunto entre as equipes do CAPSIA e Serviço de Emergência. Contudo, nota-se que as profissionais entrevistadas referiam boa comunicação entre os serviços, devido à pouca rotatividade de profissionais e confiança no trabalho mútuo. Türck (2002) discursa sobre isso ao apresentar a Rede Interna e de como esta rede passa “pelo compartilhamento dos sujeitos, pela intercomunicaçãoentre eles, pela inclusão e pelo interesse comum” (p. 31). Para Türck (2002) o trabalho de rede deve ser observado a partir dos sujeitos envolvidos com igual importância às entidades que fazem parte desta rede. Conclusões: Constata-se que a relação da categoria teórico-metológica e o projeto ético-político do Assistente Social, a prática-reflexiva e a relação da Rede Interna entre os serviços de saúde, estão intrinsecamente relacionadas ao atendimento integral de adolescentes que tentaram ou planejam o suicídio. As possibilidades de intervenção do Serviço Social nesta demanda perpassam todo o conjunto de ações voltadas ao cuidado, tratamento e prevenção. Este profissional, quando introduzido em uma equipe de um Serviço de Emergência, deve, além de sua atuação profissional direta, manter o posicionamento crítico quanto aos processos de trabalho instituídos. O Assistente Social tem um compromisso ético e político com os direitos de seus pacientes, devendo “decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim ser um profissional propositivo não só executivo” (IAMAMOTO, 2005, p.20).
Palavras-chave: Serviço Social; Adolescência; Ideação Suicida; Tentativa de Suicídio.
Referências
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