O presente artigo é resultado da pesquisa de mestrado realizada com duas equipes que compõem o serviço Ação Rua e que atuam na abordagem e acompanhamento de crianças e adolescentes configurados como em situação de rua na cidade de Porto Alegre/RS. Trata-se de um serviço composto por 13 núcleos e que é executado a partir de um convênio com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), órgão responsável pelas políticas assistenciais na cidade. O programa estabelece duas categorias centrais para identificar a infância e juventude em situação de rua: rua moradia e rua sobrevivência, em que a primeira estaria relacionada a indivíduos que moram nas ruas e a segunda ao trabalho infantil. A forma pela qual os profissionais compreendem esses dois conceitos centrais está relacionada com normativas de proteção à infância e juventude e com a própria complexidade das situações que atendem. Isso posto, meu objetivo é refletir sobre como está sendo produzida a infância em situação de rua na cidade de Porto Alegre e em como os conceitos tem sido elaborados no cotidiano, tendo como foco as práticas de reconhecimento empregadas pelas equipes sobre o que e quem é a criança em situação de rua e a maneira pela qual os trabalhadores refletem sobre os próprios conceitos que norteiam a atuação profissional.