CARACTERIZAÇÃO DE ISOLADOS BACTERIANOS DA MANCHA FOLIAR DE SOLANUM LYCOPERSICUM

LISIANNE BRITTES BENITEZ, EDUARDO SOARES, JOSIAS MATHEUS KERN

Resumo


A mancha bacteriana do tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma doença de ocorrência mundial que compromete a produção de tomate, uma vez que causa redução na produtividade, por diminuir a área foliar fotossintetizante, provocar a queda de flores e frutos em formação e perda do valor comercial dos frutos, além de ser transmitida por sementes infectadas. O isolamento, identificação e preservação dos isolados bacterianos foi realizado a partir de folhas sintomáticas de Solanum lycopersicum no laboratório de Microbiologia durante a disciplina de Prática de microrganismos III, do Curso de Ciências Biológicas da UNISC. Para isolamento dos possíveis agentes causais foram retirados fragmentos de tecido vegetal infectado e de tecido sadio, que foram depositados em placa de Petri estéril para desinfecção com álcool 70%, hipoclorito a 2% e lavagem com água destilada estéril. Os fragmentos foram posteriormente macerados para obtenção de um extrato da planta o qual foi semeado em placas contendo os meios seletivos NYDA e King`s B (KB). Após incubação (30ºC por 48 horas) observou-se o crescimento de colônias baterianas. Para caracterização morfológica das bactérias isoladas foi realizada a coloração de Gram. A determinação das exigências nutricionais e metabólicas de cada isolado foi caracterizada por testes de fermentação de carboidratos, provas de indol e motilidade, urease, descarboxilação da lisina, crescimento em ágar MacConkey, hidrólise do amido, hidrólise da gelatina, produção da catalase, proteólise do leite, crescimento a 4°C e 35°C e crescimento em meio cetrimida. Houve o crescimento de bactérias tanto no meio NYDA quanto no KB, sugerindo a presença de duas espécies bacterianas. A bactéria isolada em NYDA apresentou colônias de cor amarela, forma circular com superfície lisa e mucoide, e a coloração de Gram revelou morfologia celular em forma de bastonetes Gram negativos. A bactéria isolada em KB também foi uma Gram negativa, porém suas colônias apresentavam um leve tom avermelhado. Quanto aos testes bioquímicos e metabólicos da bactéria presente em NYDA a lactose foi positiva sem produção de gás nos tubos de Durhan, glicose negativa e motilidade positiva. Os testes de catalase e proteólise do leite foram positivos e o crescimento se deu apenas a 35° C. Nas células isoladas em meio KB, a lactose foi positiva sem gás, os testes de glicose, lisina, amido, catalase e motilidade foram positivos. Os testes de indol, urease e gelatina foram negativos. O crescimento da bactéria ocorreu apenas a 35°C. Com base nos resultados obtidos e na literatura científica consultada a bactéria em meio NYDA poderia ser a espécie Xanthomonas campestris. Já em meio KB infere-se a presença do gênero Pseudomonas, não sendo possível determinar a espécie. Nos testes de atividade antimicrobiana utilizando extratos de plantas observou-se a presença de inibição do crescimento de Pseudomonas pelos extratos de erva de passarinho e de laranjeira, com halos alcançando em média 14 mm. A bactéria Xanthomonas não foi inibida por nenhum dos extratos testados. Quanto ao teste de hipersensibilidade em folhas de couve, o resultado foi negativo, não apresentando variação tanto em 24 horas quanto em 48 horas. Com este estudo foi possível concluir que métodos tradicionais de identificação bacteriana são eficientes desde que todas as etapas sejam seguidas rigidamente a fim de se evitar erros de interpretação e de contaminação por outros microrganismos.


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