HEPATITE C: AVALIAÇÃO DOS DESFECHOS E GEORREFERENCIAMENTO DOS CASOS DE HCV NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL NO PERÍODO DE 2002 A 2015

Camilo Darsie, Vanda Beatriz Hermes, Lia Gonçalves Possuelo, Daniel Felipe Schroeder, Daiane Perin, Patrícia Faber Breunig, Jane Dagmar Pollo Renner

Resumo


O vírus da hepatite C (HCV) é uma das principais causas de doença hepática crônica no mundo. Estima-se que aproximadamente 180 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus. A identificação, prevenção e controle da hepatite C dependem de uma avaliação complexa, pois envolve fatores de risco e progressão da doença, devido à ausência de uma vacina ou de alguma profilaxia pós-exposição. Portanto, é fundamental que ocorra o acompanhamento das equipes de saúde junto dos indivíduos infectados. Além disso, é essencial que os agentes públicos reconheçam as áreas de maior risco e de maior concentração dos casos. Assim, o georreferenciamento dos casos auxilia no apontamento de áreas em que as políticas públicas de saúde deverão atuar com maior atenção. Os objetivos deste estudo foram a análise e situação do tratamento, características sociodemográficas e clínicas dos pacientes com diagnóstico de HCV no período de 2002 a 2015, no município de Santa Cruz do Sul - RS, bem como o georreferenciamento dos sujeitos tendo em vista uma avaliação acerca da distribuição espacial dos casos de HCV. Foi realizado um estudo transversal e retrospectivo, no qual foram incluídos 200 pacientes, notificados com HCV na área urbana do município. A coleta de dados foi realizada no período de março a junho de 2016, no ambulatório de hepatites do mesmo município. Como fonte de coleta foram utilizados os prontuários da unidade. As variáveis analisadas foram: dados sociodemográficos (sexo, idade, cor da pele, escolaridade, ocupação); clínicos (agravos associados, forma clínica, fonte de infecção, genótipo para HCV) e o desfecho do tratamento (óbito, em acompanhamento, não localizado, consulta agendada ou cura clínica). Esses casos foram georreferenciados por genótipo e, a partir disso, foi elaborado um mapa temático que apresenta os bairros que concentram a maior quantidade de indivíduos infectados. Os bairros que tiveram maior prevalência foram os de baixo nível socioeconômico e que apresentam pontos de tráfico de drogas. Dos 200 casos analisados, 58,8% apresentaram idade superior a 41 anos de idade, 67% são do sexo masculino, 82% dos pacientes apresentam a forma crônica da doença e 52% são portadores do genótipo 1. As vias de transmissão relatadas foram, na maioria dos casos, por drogas injetáveis (29%) e transfusão sanguínea (12,5%). Ainda, 61,5% dos pacientes estavam em tratamento e 15,1% eram coinfectados com HIV. Em suma, a população caracterizou-se por indivíduos adultos e com idade superior a 41 anos, sendo que a maioria apresentou hepatite C crônica. No ano de 2004, foi registrado um grande número de óbitos ao mesmo tempo em que é marcado pelo maior número de pacientes que evoluíram para cura clínica. Cabe ser destacado, nesse contexto, que a hepatite C é uma doença que exige disciplina dos pacientes e compreensão dos profissionais de saúde, com a rápida identificação de situações que interfiram de forma significativa no sucesso do acompanhamento e adesão ao tratamento. Assim, é fundamental que o profissional de saúde estabeleça uma sólida relação com o paciente, bem como conheça seus perfis e também características da comunidade atendida. Este estudo contribui, ainda, para alertar as autoridades de saúde sobre a importância do agravo e da necessidade de implementação de estratégias de enfrentamento, ao mesmo tempo em que estimula a realização de outros estudos para melhorar o entendimento da situação.

Palavras-chave: Hepatite C; Prevenção; Controle.

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