A visita domiciliar (VD) remete ao atendimento a domicílio que, inicialmente, era realizado por médicos que frequentavam as casas de famílias e partilhavam histórias de vida fazendo parte ativa da comunidade em que viviam. No Brasil, essa intervenção teve início no século XX com o intuito de combater doenças transmissíveis e tendo como base práticas sanitaristas trazidas da Europa. O modelo de atenção à saúde utilizado na contemporaneidade tem como foco a promoção da saúde e as VD contribuem para que esta finalidade seja contemplada. Essa prática, atualmente, é atribuição importante das equipes de Estratégias de Saúde da Família e é realizada de forma multiprofissional, podendo ser realizada por um profissional específico que atenda a necessidade da família/indivíduo. A partir dessas considerações, no projeto PET Saúde GraduaSUS, parceria da UNISC e Secretaria Municipal de Saúde de Santa Cruz do Sul/RS, na ESF Cristal Harmonia foram realizadas VDs por seis estudantes de cursos da saúde (Enfermagem, Fisioterapia, Medicina e Odontologia) acompanhados das Agentes Comunitárias de Saúde com a intenção de conhecer a população da unidade para posteriormente realizar ações em saúde. Assim, este trabalho tem o objetivo de refletir sobre as contribuições da realização das visitas domiciliares para a formação dos acadêmicos deste projeto. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. A ESF Cristal/Harmonia está localizada no Bairro Santa Vitória e é divida em 8 micro-áreas, possui 7 ACS, sendo que uma micro-área ainda não há um profissional responsável, e conta ainda com uma enfermeira, três médicos, três técnicos de enfermagem, uma dentista e a auxiliar de saúde bucal. As visitas foram organizadas dividindo os acadêmicos em duplas que visitaram residências localizadas em duas micro-áreas em diferentes dias. Nas VDs foi possível vivenciar diferentes situações familiares/individuais presentes na comunidade e que contribuíram para um conhecimento ampliado dessas famílias e do que vivenciam diariamente em suas residências e no seu meio laboral, através do relato evidenciado por estes. Como futuros profissionais da área da saúde é importante compreender o que os pacientes vivenciam, para gerar ações em saúde que sejam eficazes e aplicáveis, objetivando que o paciente participe ativamente do seu cuidado, de forma que seja protagonista do mesmo, juntamente com a equipe de saúde. Sem compreender a realidade social e de saúde que o indivíduo está inserido a qualidade de atendimento e a avaliação da assistência podem ficar comprometidas. Com este relato fica explicito a necessidade e importância das VDs para a formação dos acadêmicos da área da saúde, possibilitando compreender como vivem os pacientes, conhecendo sua realidade, peculiaridades e características. A experiência da VD na vida acadêmica orienta o modo de realizá-la, que o profissional precisa estar capacitado para tal, conhecendo os objetivos e principais ações (promoção e assistência à saúde). Essas contribuições qualificam a formação dos acadêmicos, pois visualiza-se de forma diferenciada o usuário/paciente que chega à Unidade de Saúde.