RESSIGNIFICANDO O SOFRER: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO GRUPAL COM ACS.

Patrícia de Souza Fagundes, Dayane Schmidt, Marcus Vinicius Castro Witczak

Resumo


Este estudo é uma produção teórica da disciplina de Estágio Integrado em Psicologia I. Ao estagiar no Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região do Vales (CEREST/Vales), surgiua demanda de realizar grupos com Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A ideia foi fortalecida após um encontro sobre Saúde Mental e Trabalho realizado com os ACS integrantes na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Gaspar Bartholomay, localizada em Santa Cruz do Sul. Na oportunidade, as agentes referiram a vontade de ter um espaço para refletir sobre sua atuação, pois são poucos os momentos disponíveis para pensarem acerca de seu trabalho. A literatura destaca que os agentes são elo de ligação entre a comunidade e a rede básica de saúde, muitas vezes, sofrendo com a sobrecarga de trabalho. Ainda, é recorrente o desvio de função, pois os ACS acabam realizando atividades que não são inerentes a sua ocupação. O objetivo, então, é realizar uma revisão bibliográfica a fim de pensar sobre a atuação dos agentes comunitários de saúde, proporcionando um aprofundamento teórico que auxiliará na execução dos grupos reflexivos com ACS. Esta pesquisa é classificada como qualitativa, uma vez que não busca enumerar ou medir eventos e não emprega instrumental estatístico para análise dos dados. Seu foco de interesse é amplo e parte de uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos. Dela faz parte a obtenção de dados mediante contato direto do pesquisador com a situação (NEVES, 1996). Através deste trabalho, foi possível perceber que apesar dos diversos marcos legais que permeiam a profissão de Agente Comunitário de Saúde, ainda não está claro quais são as suas funções reais. Esse é um dos fatores que causam grande sofrimento na categoria, pois o acúmulo e desvio de funções dificulta a realização das visitas domiciliares e demais funções características dos ACS. Por meio da revisão bibliográfica, é possível perceber que estes profissionais estão adoecidos e os motivos são diversos, tanto pela sobrecarga de trabalho, quanto pelas dificuldades na execução de sua função. Outro fator que é fonte de sofrimento decorre das condições e organização do trabalho dada a obrigatoriedade de morarem no espaço em que atuam, o que difículta à população e às próprias agentes separarem a sua vida pessoal de sua atividade profissional. O que se vê é um grande investimento em cursos voltados à qualidade de atendimento e capacitações com objetivo de preparar tecnicamente os ACS para seu trabalho. Porém, o que parece estar em falta é uma preocupação quanto aos aspectos físicos e mentais destes profissionais. A execução de um grupo com agentes, tendo o objetivo de proporcionar um espaço de reflexão sobre suas funções, dificuldades e sofrimentos, parece ser uma proposta efetiva e interessante para o fortalecimento da categoria. Segundo Coronel (1997), os grupos reflexivos têm a intenção de abordar as dificuldades encontradas durante os processos de ensino/aprendizagem ou de trabalho. Nesta modalidade de grupo, a centralização está na comunicação grupal, ou seja, momento em que os membros trarão as tensões e dificuldades que enfrentam, podendo juntos encontrar meios de encarar estes problemas. São em espaços de construção coletiva que os trabalhadores podem encontrar subsídios para enfrentarem as adversidades do dia a dia.

Palavras-chave: Saúde Mental; Trabalho; Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

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