SAÚDE DO TRABALHADOR HOSPITALAR: O DESAFIO DO EQUILÍBRIO FÍSICO E EMOCIONAL

Fernanda Oliveira Ulguim, Ana Elisabeth Kautzmann, Carine Muniz, Jenifer Rabusck Mello, Michele Nicolodi Brum, Paloma de Borba Schneiders, Leticia Luzia dos Santos Fernandes, Margarida da Silva Mayer

Resumo


O trabalho assume um papel de grande importância na existência social dos indivíduos, repercutindo nas condições de saúde destes trabalhadores. As transformações na economia, na política e na cultura social implicam em mudanças na estruturação, organização e gestão do trabalho, expondo a fragilidade da relação entre saúde e trabalho e, consequentemente, modificando as condições de vida do trabalhador. Diante disso, as organizações adotam programas de qualidade de vida cada vez mais abrangentes e diversificados, com enfoque na multidisciplinaridade e integralidade dos indivíduos. Nas práticas diárias dos profissionais dos setores Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e Desenvolvimento Humano do Hospital Santa Cruz (HSC), observou-se a crescente procura por atendimento psicológico e médico, na maioria das vezes, oriundos de questões emocionais intensificadas pela rotina de trabalho de um ambiente hospitalar. A partir destas percepções, surgiu no ano de 2014 o Programa de Qualidade de Vida HSC – Equilibre-se, em parceria com a disciplina de Fisioterapia em Saúde Mental/Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), o qual vigora até o momento. Este estudo visa ao bem-estar do trabalhador, através de ações integradas de Fisioterapia em Saúde Mental e qualidade de vida no trabalho, reduzindo dores e promovendo funcionalidade, preparando-o para enfrentar situações de estresse e desequilíbrio emocional/físico presentes no dia a dia do trabalho hospitalar. Foram realizadas reuniões entre a equipe multiprofissional do HSC e os envolvidos na disciplina de Fisioterapia em Saúde Mental/UNISC. Após a definição de local, horários e público-alvo, foram traçadas as principais condutas e metas na realização desta atividade. Para reconhecimento do cenário desta prática, os alunos foram convidados a conhecer os diversos setores do hospital, oportunizando o primeiro contato entre os trabalhadores da instituição e os acadêmicos. Assim, foram convidados a participar da atividade os setores da assistência, apoio e administrativos. Os encontros acontecem semanalmente, no turno da tarde (das 14 às 16 horas e 30min) dentro do HSC, com duração média de 30 minutos/sessão, dependendo da disponibilidade do trabalhador. A programação baseia-se nos seguintes eixos: relaxamento (massoterapia), reeducação postural (cinesioterapia) e oficinas diversas. Participaram do questionário de satisfação do trabalho (no último encontro de 2015), 30 trabalhadores (80% do sexo feminino, 60% com idade entre 30 e 40 anos e 50% com participação de 3 a 5 encontros) dos seguintes setores: Pronto Atendimento (PA), Ambulatório, Hemodinâmica, Lavanderia, Centro Diagnóstico e Intervenção por Imagem (CDII), Pediatria, Higienização, Faturamento, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, Compras e Recursos Humanos (RH). Destes, 93% mencionaram melhora das queixas de desconforto físico ou emocional; 83% referiram desconexão total do trabalho durante a realização da atividade. No âmbito hospitalar, as implicações negativas da atividade laboral podem estar diretamente associadas à complexidade das tarefas realizadas neste local. Por isso, acredita-se que programas como este, além de aproximar a comunidade acadêmica do ambiente laboral dos serviços de saúde, contribuem para a melhora da qualidade de vida e bem-estar de todos os envolvidos.

Palavras-chave: saúde do trabalhador; multidisciplinaridade; integralidade do indivíduo.


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