A PARTICIPAÇÃO DE JOVENS EM MOVIMENTOS RELIGIOSOS DE NATUREZA PENTECOSTAL

Elisabete Frigeri Domingo, Débora Larissa Camargo, Letícia Holderbaun, Moisés Romanini

Resumo


O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada com grupos de jovens de igrejas pentecostais em duas cidades do interior do Rio Grande do Sul, como uma atividade desenvolvida na disciplina de Psicologia Comunitária I do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O objetivo foi compreender a presença cada vez maior de adolescentes e de jovens em movimentos religiosos pentecostais. Ainda, buscou-se compreender como a identidade desses jovens é construída em um século que está desconstruindo os diversos padrões religiosos. Acompanhamos um grupo de jovens no município de Encantado – RS e outro grupo no município de Santa Crus do Sul - RS, através de uma prática de observação participante, na qual levantamos questões sobre fé, motivações de pertencer ao grupo e teofania. Desenvolvemos o trabalho através de conversas informais, de entrevistas semi-dirigidas e da construção de diários de campo. A partir de conversas e vivências junto ao grupo de jovens cristãos de Encantado e Santa Cruz do Sul, observou-se que a maioria dos que participam do movimento estão inseridos em famílias que há muito tempo frequentam a igreja. Ao frequentar a igreja pentecostal, eles comentaram que encontraram muitas respostas sobre o verdadeiro sentido da vida. A motivação de participarem de um grupo de jovens está muito aliada ao senso de fazer parte de uma comunidade, à criação de laços e de amizades duradouras. Observamos que os jovens buscam seguir os mandamentos bíblicos para estarem em paz consigo mesmos. A religião é um porto seguro para muitas pessoas, já que os cristãos acreditam veemente na palavra de Deus como um alicerce, como um caminho a ser seguido. O fato de os jovens permanecerem dentro de igrejas pentecostais está ligado à noção de pertencimento a um grupo, a uma comunidade que compartilha das mesmas crenças e que constrói estilos de vida muito parecidos. Compreender esse tema é importante para a Psicologia Comunitária, pois as comunidades são o referencial a partir do qual o nosso sentido único de Eu se origina e constrói nossa subjetividade e identidade. Embasados no texto de Jovchelovitch (2008), podemos concluir que a religião constitui-se como uma fronteira, que foi construída por diversos saberes e que cria experiências de pertencimento a esses indivíduos. Tais fronteiras podem ser mais ou menos rígidas e são construídas interna e/ou externamente à comunidade em questão. Percebemos que, no caso dos grupos de jovens de igrejas pentecostais observados, as fronteiras são construídas internamente, a partir do ensinamento e da incorporação de valores cristãos, o que, por vezes, torna essas fronteiras rígidas, com pouca permeabilidade às transformações sociais e culturais. Talvez seja essa rigidez que provoca a sensação de um Eu bem estabelecido e seguro, com o sentimento de pertencimento ao grupo/comunidade. Externamente, tais fronteiras também são construídas de forma rígida, pois, muitas vezes, estão alicerçadas em preconceitos e estereótipos que cristalizam os jovens que participam de tais grupos. Dessa forma, essa visão compartilhada sobre o mundo vivida dentro das fronteiras dos grupos das igrejas pentecostais cria a identidade social do cristão, que também precisa ser compreendida pela Psicologia Comunitária.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.