A primeira infância abrange o período do zero aos seis anos de idade, sendo de fundamental importância, pois é o momento em que o funcionamento e as estruturas cerebrais estão em pleno desenvolvimento, possibilitando assim uma maior capacidade de aprendizagem à criança. Orientando-se por esse entendimento, este trabalho visa refletir sobre a importância do brincar na infância, pautando-se nas experiências como visitadoras do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), bem como utilizando-se de revisão bibliográfica. O PIM foi criado enquanto uma Política Pública precursora no Brasil, desenvolvido apenas pelo Estado do Rio Grande do Sul até o momento. Esta política objetiva desenvolver as potencialidades de crianças e famílias que, na maioria das vezes, se encontram em situação de vulnerabilidade social. Em Santa Cruz do Sul, o programa conta com dez visitadores, os quais atendem aproximadamente quinze famílias cada um, pertencentes ao território de quatro comunidades. Os atendimentos ocorrem semanalmente na residência destas famílias, buscando estabelecer vínculo com elas. A partir dessa relação constituída entre a família e o visitador, são elaboradas atividades de acordo com a faixa etária da criança. As atividades são propostas respeitando a cultura e os saberes de cada família, bem como o tempo de desenvolvimento de cada criança, pois se entende que cada indivíduo aprende e se desenvolve de maneira distinta. Além disso, visam o desenvolvimento de quatro dimensões: cognitiva, motora, linguagem e socioafetiva. Uma das atividades realizadas é o brincar de esconder, cobrindo um objeto com um pano. No início da primeira infância, a criança possui o entendimento de que, quando determinado objeto some de seu campo de visão, ele desaparece, não há a noção de que ele apenas está coberto. A partir desse tipo brincadeira, ela vai compreendendo que os objetos, assim como seus responsáveis, retornam. Esta assimilação pode tornar menos angustiante o processo de separação entre a criança e seu cuidador, constituindo assim um vínculo saudável.  Portanto, a brincadeira e a ludicidade são muito importantes, uma vez que é através do lúdico que a criança elabora e expressa seus conflitos, sentimentos, necessidades e desejos, construindo-se e experimentando-se de maneira ativa. Deste modo, ocorre o processo de aquisição de conhecimento sobre o mundo, promovendo a constituição da identidade, sociabilidade e afetividade. Ademais, é possível emergir uma troca de aprendizagem e afeto por meio da brincadeira, fato vivenciado cotidianamente pelos visitadores do Programa. Um exemplo é o aprendizado que as crianças passam a partir de suas atitudes sem julgamentos e pré-conceitos. A ingenuidade da infância demonstra o saber que esses indivíduos possuem, os quais percebem o mundo de forma singular e genuína, reproduzindo essa percepção através das brincadeiras, como também, a partir do carinho e afeto com que acolhem os visitadores. Deste modo, o PIM se caracteriza como uma Política Pública de extrema relevância ao desenvolvimento infantil, sendo possível a realização de intervenções adequadas ao contexto e peculiaridade de cada família e criança. Além disso, as atividades são propostas de maneira que estas famílias consigam refletir sobre as diferentes formas cotidianas de realiza-las, promovendo assim, a autonomia e potencialidade destes sujeitos.