INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE CASO

Kelly da Rosa Wollenhaupt, Cassiane de Mendonça Braz, Marciele Silveira Hopp, Taciana Guterres Carvalho

Resumo


A Miastenia Gravis (MG) é uma patologia autoimune rara que acomete predominantemente mulheres e é caracterizada pelo funcionamento anormal da junção neuromuscular. A crise miastênica se estabelece pela fraqueza muscular respiratória o que acarreta redução da expansibilidade torácica e complacência pulmonar, elevando o trabalho respiratório, o risco de hipoxemia e micro-atelectasias; outro sintoma importante é a fraqueza muscular. Tais alterações podem, inclusive, necessitar de assistência ventilatória mecânica por períodos prolongados. Assim, objetiva-se descrever o caso de uma paciente com MG e sua evolução clínica, bem como intervenção fisioterapêutica na unidade de terapia intensiva (UTI) durante uma crise miastênica. Paciente M.R. sexo feminino, 52 anos, casada, ex-tabagista, previamente hígida, com sintomas de MG há seis meses (disfagia, disfonia, dispneia e diplopia oscilantes), admitida em julho de 2018 no pronto atendimento do Hospital Santa Cruz. Evoluiu com dispneia intensa, sendo submetido à intubação e transferência para UTI, onde permaneceu sob ventilação mecânica (VM) em modo pressão controlada, volume corrente (VC)=386ml; frequência respiratória (FR)=15; PEEP=6, fração de oxigênio (FiO2)= 45%; saturação de oxigênio (SatO2)=98%; com alcalose metabólica hipoxêmica refratária a hipoventilação da doença de base (pH=7,52; pCO2=40; pO2=92; HCO3=32).O percurso PA-UTI foi acompanhado por atendimentos de fisioterapia diário. Na UTI, foram realizadas fisioterapia respiratória, mobilização precoce, alongamentos, exercícios metabólicos e aplicação de eletroestimulação funcional em quadríceps. No segundo dia de VM na UTI iniciou-se as avaliações para o desmame ventilatório, a força muscular inspiratória foi mensurada através da manovacuometria no tubo orotraqueal em todos os atendimentos, na qual obteve-se uma PImax de 16 cmH2O na primeira avaliação. Realizou-se imunoglobulina (IG) intravenosa 13 frascos por dia durante dois dias. No quarto dia de UTI foram reduzidos parâmetros da VM PS/CPAP FiO2: 28%, PEEP: 6, VC: 464 ml. No quinto dia de UTI obteve-se PImax de 42cmH2O. Realizou-se também a Ventilometria Volume Minuto: 5845ml, FR: 18irpm, Tobin: 55 e após realizado o Teste de Ayre por 30 minutos em peça T com 3l/min de O2. A paciente permaneceu estável durante o teste sem sinais de fadiga, logo após foi extubada e manteve-se com suporte de O2 por óculo nasal à 3 l/min. Nos dias que seguiram houve progressão dos exercícios propostos nos atendimentos com ganhos na funcionalidade até a alta da UTI. O comprometimento respiratório na MG é ponto mais preocupante, uma vez que afeta a funcionalidade do indivíduo, como também pode desencadear a crise miastênica, falência respiratória e morte. Durante a internação na UTI estes indivíduos podem apresentar complicações pulmonares que prolongam o tempo de VM, desta forma, avaliações constantes da função dos músculos respiratórios, são necessárias para estabelecer estratégias de intervenção precoce.A Fisioterapia atua realizando tais avaliações, monitorando e efetuando condutas a fim de reduzir complicações. Para tanto, testes de força muscular ventilatória em pacientes com MG demonstram sensibilidade em relação as demais alternativas. Levando-se em consideração esses aspectos percebe-se que o acompanhamento da fisioterapia contribuiu de forma satisfatória para a evolução clínica desta paciente, sobretudo favorecendo o processo de desmame precoce da VM.

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