SAUDE BUCAL DE PACIENTES CRÍTICOS USUARIOS DE VIA DE NUTRIÇÃO ALTERNATIVA

Janaina Caroline da Costa, Isabella de Miranda Brandalise, Jenifer Limberger, Analice Mafi, Rita Fabiane Teixeira Gomes, Vânia Rosimeri Frantz Schlesener

Resumo


Saúde bucal de pacientes críticos usuários de Vias de Nutrição Alternativa

 A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) concentra-se em implementar ações de prevenção de infecções na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Considerando-se a cavidade bucal como importante reservatório de microrganismos patogênicos, sua descontaminação periódica diminui o risco de pneumonia nosocomial, pneumonia associada a ventilação mecânica, endocardite infecciosa e sepse. O biofilme bacteriano formado por microrganismos, polissacarídeos extracelulares bacterianos e glicoproteínas salivares, fornece proteção às bactérias, inclusive contra agentes antimicrobianos, aumenta com o tempo de internação e os patógenos respiratórios que se estabelecem, são os mais difíceis de serem debelados. Essas bactérias também são encontradas na saliva e na saburra lingual, podendo ser facilmente aspiradas da orofaringe para os pulmões, podendo levar à pneumonia nosocomial ou ocasionar infecções à distância. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento de infecções nosocomiais estão: desnutrição, rebaixamento sensório, vias de nutrição alternativas, intubação orotraqueal, ventilação mecânica e aspiração de secreção traqueobrônquica. A redução de saliva e de imunoglobulinas associado aos níveis elevados de proteases devido à higienização bucal precária em pacientes críticos, são responsáveis pela redução de uma substância protetora chamada de fibronectina, permitindo maior acúmulo de resíduos contaminados na cavidade oral. O estudo teve como objetivo relacionar o uso de vias alternativas para nutrição na UTI com condições de saúde bucal e complicações infecciosas. Foi realizado um estudo observacional, transversal e retrospectivo, a partir da análise dos prontuários odontológicos preenchidos diariamente residentes de odontologia, na UTI de um Hospital de Ensino do Sul do Brasil, no período de abril de 2016 a janeiro de 2018. As variáveis de interesse foram sexo, uso de vias alternativas de nutrição, condições de saúde bucal, presença de lesões estomatológicas, ocorrência de infecção e desfecho clínico. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob parecer 2.044.610. Foram analisados 1150 prontuários odontológicos, sendo 688 pacientes masculino e 471 femininos. Observou-se 422 registros de infecção, sendo o sítio pulmonar o mais frequente (173 casos). Segundo os registros, 291 pacientes utilizaram via alternativa de nutrição através de sonda nasoentérica ou similares e destes, 244 apresentaram algum tipo de infecção, sendo 55 infecções hospitalares. O sítio de infecção mais comum nesse grupo foi o pulmonar com 119 casos, a condição bucal foi predominantemente regular ou ruim (211), somente 53 pacientes apresentavam dentição natural completa. Considerando o desfecho óbito na UTI, dos 165 pacientes que evoluíram para óbitos, 121 pacientes que utilizaram sondas para alimentação. Pode-se concluir que o uso de via alternativa de nutrição prejudica a homeostase da cavidade bucal, sendo as condições de saúde bucal consideradas predominantemente ruins ou regulares. Houve importante relação entre infecção respiratória entre usuários de vias de alimentação alternativa, sugerindo que com a dificuldade de manutenção do controle bucal aumenta a contaminação e a possibilidade de disseminação de infecção, confirmando que esse dispositivo dificulta o controle e a manutenção da saúde bucal e requer maior atenção por parte da equipe multidisciplinar.

 

 

 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.