MARIA LACERDA DE MOURA – ENTRE O FEMINISMO E O ANARQUISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA TRAJETÓRIA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Gabriela Schwengber, Carlos Gilberto Pereira Dias

Resumo


Maria Lacerda de Moura (1887-1945) foi uma intelectual anarquista brasileira que, no início do século XX, se dedicou a temáticas relacionadas à emancipação feminina, como o direito ao divórcio, escolha do companheiro ideal, o amor e maternidade livre. Parte de sua produção intelectual voltou-se também ao repúdio à família burguesa, ao clericalismo e fascismo, publicando seus textos em periódicos da época. Durante sua trajetória também atuou, ainda em Minas Gerais, enquanto professora da educação básica e realizou conferências e publicou livros sobre educação. Em 1921, Lacerda se mudou para a cidade de São Paulo, na qual passou a se inteirar e envolver mais profundamente com questões relacionadas às mulheres e sua emancipação. Foi nesse contexto que, juntamente com outras militantes anarquistas, foi fundada a Federação Internacional Feminina. É preciso considerar também, que os anos 20 foram marcados pelo desdobramento de diversas associações e grupos feministas, com ideais e interesses distintos e muitas vezes conflitantes. Um exemplo dessa heterogeneidade, são as criticas que a própria Maria Lacerda de Moura realiza sob o movimento sufragista, considerando-o enquanto um movimento elitizado, que cobiçava a inserção das mulheres na política através do direito ao voto e a cargos públicos, ou seja, não se direcionava para uma real libertação. As reflexões que proponho através deste trabalho, surgiram ao longo dos encontros com o professor orientador para a construção do Trabalho de Curso em História, na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, que está em andamento. Nesse sentido, meu objetivo aqui é refletir sobre a trajetória de Maria Lacerda de Moura a partir de dois enfoques que se entrecruzam. No primeiro deles, meu interesse se volta para a análise de cartas enviadas por Maria Lacerda de Moura a Fábio Lopes dos Santos Luz, datadas entre 1920 a 1923. Essas missivas correspondem a um conjunto de quinze correspondências manuscritas e datilografadas, que se encontram no acervo digital do Sistema de Informações do Arquivo Nacional – SIAN. Nelas, a personagem mineira manifesta solidariedade ao destinatário que havia sido preso durante o período e realiza considerações referente ao anarquismo, ao movimento feminista e seus anseios por transformações sociais. Meu segundo enfoque é refletir em um sentido mais amplo, sobre a trajetória dessa personagem a partir de uma revisão bibliográfica que se estende à atualidade, buscando compreender quais eram os ideais que nortearam a vida desta intelectual, tendo enquanto lentes para a análise o tripé do anarquismo, feminismo e biografia.

 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.