REPERCUSSÕES DO CÂNCER INFANTIL: a autopercepção da criança
Resumo
Introdução: O câncer infantil e seu tratamento podem deixar consequências físicas e psicológicas, tanto para a criança quanto para sua família. A equipe de saúde precisa garantir qualidade e humanização no atendimento, fazendo com que este se torne menos impessoal, invasivo e agressivo. Outro aspecto fundamental do tratamento é olhar para a criança como tendo um papel ativo no seu tratamento, para que ela, juntamente com a família, se sintam também protagonistas. Objetivo: Compreender a autopercepção que a criança com diagnóstico de câncer tem de sua doença e de seu tratamento, conhecendo as características emocionais do diagnóstico oncológico, bem como, a forma que enfrentam o tratamento. Método: A pesquisa é de caráter exploratório com delineamento qualitativo. Os participantes foram três crianças do sexo feminino vinculadas ao setor de Oncopediatria de um hospital privado da região sul do Brasil e que atualmente estão em tratamento do diagnóstico oncológico. As crianças responderam a aplicação do teste CAT – A – Teste de Apercepção Infantil de autoria de Bellak e Abrams (2010) que consiste num método projetivo, que investiga a personalidade, estudando a dinâmica significativa das diferenças individuais nas percepções de estímulos. O teste é constituído por dez pranchas, em que estão desenhados animais em diversas situações humanas. Os pais também participaram da pesquisa sendo entrevistados por meio de uma ficha de dados biosociodemográficos e entrevista semi-estruturada. Resultados: Após a análise das histórias produzidas pelas crianças observou-se que estes fragmentos de narrativas representaram experiências significativas. Foi possível identificar que o tratamento gera diversas emoções e sentimentos, como ansiedade, raiva, culpa, agressividade, isolamento e afastamento social. Na projeção das crianças, os pais e familiares representam vínculos emocionais de proteção para auxiliar no processo de adoecimento e tratamento. Considerações finais: O teste aplicado com as crianças e as entrevistas com os pais possibilitou uma compreensão dos sentimentos sobre a qualidade de vida antes e no decorrer da doença, enfatizando as restrições de atividades e as mudanças de hábitos diários. Também pode-se analisar as percepções dos medos, principalmente o de ficar sozinho, e, da morte, entendida pelo contexto da espiritualidade/religiosidade. Por fim, destaca-se a importância do trabalho do psicólogo hospitalar em unidades com crianças em tratamento oncológico, para a promoção de saúde delas e de seus familiares.
Palavras-chave: Câncer Infantil; Autopercepção; Sentimentos; Tratamento Oncológico.
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