ASSOCIAÇÃO ENTRE RELAÇÃO CINTURA QUADRIL E VOLUME EXPIRATÓRIO FORÇADO NO PRIMEIRO SEGUNDO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFERENTES ÍNDICES DE MASSA CORPORAL
Resumo
Introdução: Atualmente a obesidade apresenta-se como um dos maiores problemas de saúde pública mundial. No Brasil, análises indicam que mais de 50% da população está acima do peso (sobrepeso e obesidade), sendo que 20% encontram-se na faixa etária entre 10 e 19 anos. O excesso de peso resulta em acúmulo de tecido adiposo sobre a superfície torácica e abdominal e afeta o sistema respiratório na medida em que ocasiona alterações na mecânica respiratória com consequente redução dos volumes e capacidades pulmonares o que pode ocasionar redução da capacidade funcional e da qualidade de vida. Uma das medidas antropométricas mais comumente utilizada para aferir obesidade central é a relação cintura quadril (RCQ). Objetivo: Analisar a associação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) da curva da capacidade vital forçada e a RCQ de crianças e adolescentes com diferentes índices de massa corporal. Método: Estudo transversal que avaliou escolares eutróficos (GE), com sobrepeso (GS) e obesidade (GO) de ambos os sexos e com idade entre 7 e 17 anos. O índice de massa corporal (IMC) (peso/altura2) foi relacionado à idade e ao sexo da amostra classificados nas curvas de percentis da World Health Organization (WHO, 2007). A circunferência da cintura foi obtida no ponto mais estreito entre a última costela e a crista ilíaca enquanto a circunferência do quadril foi verificada no maior nível glúteo, sendo a RCQ calculada através da razão entre estas circunferências. Os volumes pulmonares foram avaliados através da espirometria (modelo Micro Loop MK8 ® CareFusion, Alemanha) onde, através da manobra de Capacidade Vital Forçada (CVF) foi obtida a variável VEF1 tendo os indivíduos sido mantidos em posição sentada e orientados a realizar máxima inspiração até a capacidade pulmonar total e expiração máxima sem hesitação. Foram realizados oito testes e validada a melhor medida de oito curvas obtidas com valores preditos segundo Knudson et al. (1983). Análise Estatística: Dados analisados através do software SPSS (versão 20.0) e descritos em mediana e intervalo interquartil. Comparações intergrupos pelo teste Kruskal-Wallis com post hoc de Dunn e associações testadas através do teste de Correlação de Spearman (p<0,05). Resultados: Foram avaliados 320 sujeitos (idade 11,51 ± 2,74 anos, IMC = 21,97 ± 4,80 Kg/m², RCQ = 0,87 ± 1,25 cm, VEF1 = 2,59 ± 0,80 L) estratificados por classificação do IMC no GE(n= 140, IMC: 18,35 [17,02 – 20,30] Kg/m²; RCQ: 0,78 [0,73 – 0,82] cm), no GS (n= 88, IMC: 21,50 [19,80 – 24,21] Kg/m²; RCQ: 0,80 [0,76 – 0,83] cm) e no GO (n= 92, IMC: 26,06 [23,80 – 28,42] Kg/m²; RCQ; 0,85 [0,80 – 0,89] cm). O VEF1 do GE foi de 2,71 (2,00 – 3,30) L (106 %pred), o do GS foi de 2,39 (1,97 – 3,01) L (104,5 % pred) e do GO foi de 2,20 (1,98 – 2,84) L (103 %pred), tendo sido constatada diferença entre os grupos (p=0,036), especificamente entre o GO e o GE (p=0,037). Em relação a RCQ houve diferença entre os grupos (p<0,001) estando tal diferença entre GE e GO (p<0,001) e entre GS e GO (p<0,001). Detectada correlação significativa, inversa e moderada entre RCQ e VEF1 no GE (p<0,001, r = -0,448) e no GS (p<0,001, r = -0,421), enquanto que no GO houve correlação significativa, inversa e fraca (p<0,002, r = -0,325) entre tais variáveis. Considerações finais: O excesso de peso corporal das crianças e adolescentes da amostra avaliada se associou com o VEF1 de modo inverso e tal comportamento pode ser atribuído à deposição de gordura na região abdominal que restringe a mecânica respiratória com subsequente redução do volume expiratório forçado no primeiro segundo da curva da capacidade vital forçada.
Palavra-chave: Sobrepeso; Obesidade; Espirometria; Escolares.
Palavra-chave: Sobrepeso; Obesidade; Espirometria; Escolares.
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