ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DURANTE O TESTE DO DEGRAU EM INDIVÍDUOS PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Vanessa de Mello Konzen

Resumo


Introdução: O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) desempenha um papel importante nas ações do sistema cardiovascular onde, através das inervações simpática e parassimpática, modula as funções cardíacas, com atuação sobre o nodo sinusal. Anormalidades na regulação autonômica da função cardíaca, ocasionando aumento da atividade simpática ou diminuição da atividade parassimpática cardíaca, podem estar relacionadas à gravidade e ao aumento da morbimortalidade da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Nesses indivíduos, podemos encontrar índices da VFC reduzidos quando comparados a indivíduos saudáveis. Objetivo: Investigar a resposta do SNA de portadores de DPOC reabilitados e não reabilitados através da variabilidade da frequência cardíaca durante o Teste do Degrau de Três Minutos (TD3). Método: Estudo retrospectivo, composto por portadores de DPOC estáveis (GOLD II a IV) participantes de um programa de reabilitação pulmonar (PRP) (Grupo Reabilitação - GR) e não submetidos à intervenção do PRP (Grupo Controle - GC). Realizada revisão de prontuários, no período de abril a junho de 2016, com obtenção de dados sobre seu ingresso até a finalização das avaliações das variáveis independentes: variáveis antropométricas, histórico tabágico, função pulmonar, força muscular inspiratória, tipos de medicamentos utilizados, quantidade de degraus executados no TD3 e frequência cardíaca de recuperação (FCrec) pós-TD3. A capacidade funcional foi avaliada através do TD3 e a variabilidade da frequência cardíaca monitorizada (Polar® S810i, Finlandia) foi obtida adaptando a alça desse monitor confortavelmente ao redor do tórax. O sinal foi automaticamente salvo como intervalo RR e analisado pelo software Kubios HRV (Heart Rate Variability Analysis Software, versão 2.2). Resultados: Avaliados 20 pacientes (13 homens, idade 64,3 ± 7,6 anos, IMC 25,7 ± 5,9 Kg/m², VEF1 43,8, ± 21,6 % pred, CVF 66,2 ± 19,2 % pred e relação VEF1/CVF 62,7 ± 21,2 %pred) em que o GR atingiu maior número de degraus no TD3 (p= 0,002). Em relação à VFC foi observado que, no domínio da frequência, houve alteração significativa no GC apenas quanto ao balanço simpatovagal (p=0,018). No entanto, no GR ocorreu incremento tanto da atividade simpática quanto da atividade parassimpática do pré para o pós TD3 (p=0,036 e p=0,017, respectivamente). Foi constatado ainda que no GR, houve redução do balanço simpatovagal (p=0,012), não tendo sido evidenciado diferença significativa entre os grupos. Considerações finais: Nossos resultados demonstraram que o exercício físico interfere na modulação autonômica cardíaca, o que pode ser visto quando comparamos indivíduos
com DPOC que realizam o processo de reabilitação pulmonar e aqueles que não são reabilitados.
Palavras-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Frequência Cardíaca; Capacidade Funcional; Exercício Físico.

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