O TESTE MOLECULAR RÁPIDO (GENEXPERT) É ÚTIL EM AMOSTRAS PAUCIBACILARES?

Resumo

Introdução: A implantação de novas tecnologias exige a avaliação do impacto das mesmas em condições de rotina. A microscopia ainda é o método mais utilizado no diagnóstico laboratorial da tuberculose, apesar de seu baixo custo e rapidez na obtenção dos resultados, apresenta uma baixa sensibilidade, especialmente em amostras paucibacilares, além de não identificar a espécie de micobactéria envolvida e não determinar o perfil e sensibilidade do micro-organismo. Recentemente, foi introduzido no Brasil o teste molecular rápido (GeneXpert). Este teste oferece um resultado rápido, identifica o complexo Mycobacterium tuberculosis e detecta resistência a rifampicina, entretanto tem alto custo e depende de importação. Objetivo: Avaliar a relação entre a concentração de bacilos informadas no GeneXpert com a sensibilidade da microscopia. Método: Foram incluídas, 91 amostras clínicas, provenientes de 68 pacientes, sendo 34 (50%) coinfectados com o HIV. Estas amostras foram processadas no Laboratório de Micobactérias da Universidade Federal do Rio Grande, no período de 22 de abril de 2015 a 21 de abril de 2016, e submetidas a microscopia com Ziehl-Neelsen e GeneXpert. Resultados: Dentre as amostras incluídas no estudo, 56 (61,6%) foram positivas na microscopia. Quando analisadas somente as amostras extra-pulmonares, a sensibilidade reduziu-se para 33% (4/12). A sensibilidade da microscopia foi proporcional a concentração de bacilos informada pelo GeneXpert. Quando o GeneXpert identificou concentrações de bacilos muito baixas, baixas, médias e altas, a microscopia foi positiva respectivamente 2/13 (15%), 9/26 (35%), 22/28 (79%) e 23/24 (96%). Considerações finais: As amostras paucibacilares são frequentes em pacientes coinfectados pelo HIV, onde é frequente a TB extra-pulmonar. Somado a isto, os pacientes com supressão do sistema imune necessitam de um diagnóstico rápido e acurado, fator essencial para o imediato estabelecimento da correta terapia. Desta forma, apesar das limitações já mencionadas do GeneXpert, o seu uso na rotina diagnóstica da tuberculose deve ser incentivado, em particular para pacientes com maior possibilidade de terem amostras clínicas paucibacilares. Cabe ressaltar entretanto, que o GeneXpert não é o método definitivo, indicando a necessidade de continuar as pesquisas para o desenvolvimento de novas plataformas diagnósticas que possam atender plenamente os requisitos necessários para um teste point-of-
care, que deveria ser rápido, acurado, de baixo custo, sem necessidade de equipamento e de preferencia de patente nacional.
Palavras-chave: Tuberculose; Diagnóstico; GeneXpert; Baciloscopia.