ODONTOPEDIATRIA E PSICOLOGIA: CONTEXTUALIZAÇÃO DA INTERDISCIPLINARIDADE A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

Maximiano Ferreira Tovo, Aline Vivian Groff, Gehysa Guimarães Alves, André Guirland Vieira, Dóris Cristina Gedrat, Eliane Fraga da Silveira

Resumo


Introdução: A adaptação do comportamento da criança é um tema amplo e muito estudado em Odontopediatria. Apesar dos avanços tecnológicos da Odontologia, a ansiedade e o medo ainda são comuns em crianças e adultos, constituindo-se uma significante barreira para a atenção odontológica e interferindo nos cuidados regulares com a saúde bucal. Historicamente, o conhecimento sobre esta temática elucida-se sobremaneira ao considerar-se a interdisciplinaridade entre distintas áreas da ciência, em especial, a Psicologia. A adequada aplicação das técnicas de abordagem comportamental para o tratamento odontopediátrico é de suma importância para que o profissional compreenda e escolha o melhor recurso para seu paciente. Estas compreendem três campos de abordagem: linguístico, físico e farmacológico. Com o intuito de proporcionar acolhimento e vínculo com o paciente infantil, as técnicas linguísticas são muito utilizadas, sempre adequadas ao nível de amadurecimento e compreensão do mesmo. O reforço positivo utilizado com o intuito de aprimorar o comportamento cooperativo do paciente é aplicado através do controle da voz e elogios.  Imprescindível para construir a confiança desejada entre o paciente e o profissional, bem como sua equipe, a técnica diga-mostre-faça (talk-show-do) é amplamente empregada. Aplicada através de explanações acerca dos procedimentos a serem realizados, respeitando o nível de desenvolvimento da criança, são realizadas demonstrações táteis e visuais e então a consumação do procedimento. Através da comunicação não-verbal o profissional busca demonstrar por expressões faciais e contatos físicos adequados ao pequeno paciente que o ambiente odontológico é seguro, encorajando-o. O emprego desta técnica visa facilitar o comportamento positivo e reforçar as demais abordagens linguísticas. A abordagem física pode ser utilizada a fim de limitar os movimentos do paciente, de forma total ou parcial, evitando lesões e proporcionando para ambos um procedimento mais seguro. A abordagem farmacológica se faz necessária quando o paciente se apresenta incapaz de cooperar com o atendimento, devido a limitações físicas, mentais, médicas  ou imaturidade e as formas de contenção tenham sido fracassadas, devendo estar associada às demais técnicas de abordagem comportamental, e não ser um substitutivo delas. Objetivo: Avaliar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, artigos nacionais publicados no período de 1980 a 2016, relacionados ao tema Manejo Comportamental em Odontopediatria. Método: A partir dos descritores odontopediatria, psicologia e controle comportamental foram recuperados 87 artigos em bases de dados nacionais (Biblioteca Virtual da Saúde -BVS, PePSIC, SciELO e LILACS). A classificação e extração de dados foram realizadas pela leitura do resumo dos artigos, por dois examinadores, previamente treinados e calibrados. De cada resumo foi analisado o assunto (manejo comportamental não-farmacológico e farmacológico), a revista de procedência, ano de publicação e delineamento do estudo. Os dados foram organizados e analisados com o auxílio do software SPSS – Statistical Package for the Social Sciences – versão 13.0 e apresentados por meio de estatística descritiva. Resultados: Foi encontrado um número elevado de publicações relacionadas ao tema controle comportamental com abordagem não farmacológica (n=72; 82,75%) e o delineamento observacional transversal foi o mais prevalente, bem como um aumento de publicações a cada década. Considerações finais: Concluiu-se que os artigos que retratam as técnicas de abordagem não-farmacológica predominam na literatura nacional, destacando-se o papel da interdisciplinaridade entre a Odontopediatria e a Psicologia nos referenciais desta especialidade odontológica no Brasil. A produção científica ao longo do período avaliado por este estudo vincula fortemente os saberes entre as duas profissões, no intuito de promover a abordagem mais apropriada às demandas clínicas de um paciente infantil.

Palavras-chave: Odontopediatria; Psicologia; Controle Comportamental; Pesquisa Interdisciplinar.


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