VIOLÊNCIA CONTRA MULHER: um Olhar da Psicologia Sobre a Temática

Henrique Tobal da Paz, Dorian Mônica Arpini, Patrícia Paraboni

Resumo


A temática da violência contra a mulher tem recebido interesse crescente no Brasil tanto pela sociedade civil quanto pelas políticas públicas. Enquanto objeto de políticas públicas, o enfrentamento à violência contra as mulheres no Brasil é recente, e ainda apresenta diversas dificuldades. O termo enfrentar é utilizado na terminologia das políticas nacionais pois engloba não só o combate mas também as dimensões da prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres. Os dados disponíveis sugerem que a violência contra a mulher continua sendo um problema de grande envergadura, e seu enfrentamento é um desafio permanente. Entendemos que o atendimento aos autores de violência seja de grande importância no enfrentamento à violência para prevenir novas situações, seja com a mesma parceira, seja com uma futura, assim também buscando a uma promoção integral da saúde de ambas partes envolvidas. Dessa forma, pensando no compromisso social da psicologia brasileira, que inevitavelmente será convocada a pensar, investigar e intervir no âmbito da prevenção à violência contra as mulheres,  buscamos melhor entender este fenômeno desde um ponto de vista psicológico. Objetivo: Compreender melhor o fenônemo da violência contra a mulher, pensando o que estaria na base do comportamento para os autores da violência.

Método: Para melhor compreender o fenômeno, partimos de um entendimento psicanalítico que pode iluminar o que se passa, no plano psíquico, com alguns autores de violência doméstica e familiar contra a mulher. Trata-se de um estudo teórico utilizando textos da literatura. Resultados: Nossos estudos teóricos se dão pela via de pensar que a violência doméstica se apresenta ao autor como uma passagem ao ato, sendo o sujeito compelido internamente a essa resposta extrema de atuação de violência contra o outro. A fim de melhor entender a passagem ao ato, utiliza-se como pressupostos teóricos a segunda teoria pulsional, a segunda teoria do trauma e a conceituação de compulsão à repetição, propostos por Freud em 1920. Deste modo é possível ter uma compreensão mais aprofundada de como se daria a passagem ao ato nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. A partir disso, entende-se que, para alguns sujeitos, trata-se de uma impossibilidade de, no momento em que passa ao ato de agressão física contra a mulher, lidar com os impulsos pulsionais, utilizando a agressão enquanto defesa radical, para fazer escoar a energia transbordante que lhe acomete. Nesses casos, as vias elaborativas não podem ser acessadas, ao menos temporariamente, pelo psiquismo do sujeito. Considerações finais: Salientamos que provavelmente nos casos em que o fenômeno se apresenta dessa forma, esses sujeitos se beneficiariam de um atendimento psicológico que lhes pudesse proporcionar outras saídas mais saudáveis que não a agressão. Ainda, é preciso que se pense em intervenções qualificadas com os autores de violência  a fim de diminuir o grande número de reincidências presentes em nossa realidade.

Palavras-chave:  Psicologia; Violência; Violência Contra Mulher; Violência Conjugal.


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