AVALIAÇÃO DA DEMANDA MIOCÁRDICA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA DURANTE APLICAÇÃO DE DUAS MODALIDADES DE VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA
Resumo
Introdução: O procedimento e os fatores de risco envolvidos na cirurgia cardíaca podem ser responsáveis por diversas complicações cardiorrespiratórias no pós-operatório incluindo disfunção autonômica cardíaca. A reabilitação cardíaca (RC) vem sendo empregada precocemente na fase hospitalar, visando a prevenção e rápida reabilitação, além disso, um dos aspectos a serem considerados é a segurança das atividades propostas, principalmente no que diz respeito às respostas hemodinâmicas agudas. Nesse contexto surge a ventilação não invasiva (VNI) que tem sido amplamente utilizada na RC em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca (CC), uma vez que seu uso reduz o trabalho respiratório, melhora a oxigenação, aumenta a complacência pulmonar associada à melhora da fração de ejeção, entretanto, pode causar alterações na estabilidade hemodinâmica. Objetivo: Comparar a demanda miocárdica de pacientes em pós-operatório de CC submetidos à VNI nos modos de pressão positiva contínuas nas vias aéreas (CPAP) e duplo nível (BiPAP). Método: Estudo crossover que avaliou pacientes em pós-operatório imediato de CC, de ambos os sexos, internados no Hospital Santa Cruz, na cidade de Santa Cruz do Sul – RS. Para a realização da VNI, os sujeitos foram randomizados para receber inicialmente BIPAP (modelo S/T-D 30, Respironics, EUA) onde foi utilizado a IPAP de 12 cmH2O e EPAP de 6 cmH2O ou CPAP (ResMed S8 AutoSet™ II, Austrália), onde foi utilizado PEEP de 9 cmH2O, por 20 minutos. Durante a aplicação os sujeitos permaneceram em decúbito dorsal com elevação de cabeceira em 30º, observando-se a frequência cardíaca (FC), a pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial média (PAM) no 1º minuto, 10º minuto e 20º minuto da aplicação para realização do cálculo do duplo produto (DP). Análise estatística: Dados expressos em média e desvio padrão. Para comparação das variáveis pré intervenção foi utilizado o teste t Student e para comparação entre os grupos, o teste ANOVA Two-Way seguida do Post Hoc de Bonferroni (p<0,05). Resultados: Avaliados 12 sujeitos (7 do sexo masculino, idade de 66,2 ± 12,5 anos, IMC de 24,3 ± 5,0 Kg/cm2), nas primeiras 48 horas de pós-operatório de CC. Foi observada que a média de O2 suplementar utilizada durante a aplicação do protocolo de VNI com CPAP foi de 2,3 ± 1,1 L/min e na intervenção com BiPAP de 2,2 ±1,3 L/min, não demonstrando diferença significativa entre as duas intervenções (p= 0,836). Não houve diferença significativa entre as modalidades de VNI sobre o DP (p=0,829) e as variáveis hemodinâmicas observadas também não apresentaram diferença significativa. Considerações finais: Em nosso estudo, ambas as modalidades de VNI se apresentaram seguras para aplicação no pós-operatório de cirurgias cardíacas visto que não provocaram repercussões significativas sobre as variáveis hemodinâmicas observadas. Assim, sugere-se a intervenção fisioterapêutica no pré-operatório, para que o paciente tenha maior aceitação da mesma no pós-operatório.
Palavras-chave: Cirurgia Torácica; Fisioterapia; Ventilação Não Invasiva; Duplo Produto.
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