A COEXISTÊNCIA DE DISFUNÇÃO VASCULAR E DINAPENIA GERA REPERCUSSÕES NA CAPACIDADE FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS COM DPOC?

Luana dos Passos Vieira, Camila da Silva Brinques, Douglas Alex Weiss Martins, Cassia da Luz Goulart, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma patologia que tem como característica a limitação persistente do fluxo aéreo, inicialmente associada à resposta inflamatória anormal das vias aéreas e dos pulmões. Em evidência, a compreensão da fisiopatologia da DPOC vem modificando-se devido a sua natureza complexa, com a presença de manifestações multissistêmicas e diversas comorbidades associadas. Secundariamente, a resposta inflamatória torna-se sistêmica e crônica, podendo desencadear nestes sujeitos a perda da força muscular (conhecida como dinapenia), bem como em alterações vasculares e circulatórias, culminando em prejuízos ao desempenho e capacidade funcional. Objetivo: avaliar se a coexistência de disfunção vascular e dinapenia gera repercussões na capacidade funcional de indivíduos com DPOC. Métodos: trata-se de um estudo observacional retrospectivo pela análise de dados secundários do banco de dados da pesquisa intitulada ?Projeto de Reabilitação Cardiorrespiratória (PRC)?, localizada no Hospital Santa Cruz. As variáveis selecionadas junto ao banco de dados foram: clínicas, função pulmonar [volume expiratório forçado no 1 segundo (VEF1); capacidade vital forçada (CVF); relação entre VEF1/CVF], triagem vascular (índice tornozelo-braquial =0,99mmHg), dinapenia (força de preensão palmar <30Kgf para homens e <20Kgf para mulheres), força muscular respiratória [pressão inspiratória máxima (PImáx <60cmH2O) e pressão expiratória máxima (PEmáx)], capacidade funcional (teste de caminhada de seis minutos - TC6m). Foi realizado teste de normalidade de Shapiro Wilk, as variáveis paramétricas foram analisadas através da ANOVA one way com post hoc Bonferroni pelo software SPSS versão 24.0 e não paramétricas pela análise de Kruskal-Wallis com post hoc Dunns com o software GraphPad Prism versão7.0, sendo considerado significativo um valor de p=0,05. Resultados: foram analisados os dados de 47 pacientes DPOC, posteriormente estratificados em 3 grupos segundo os resultados dos testes que caracterizavam a presença de dinapenia e/ou disfunção vascular, sendo estes: GRUPO 1: DPOC + disfunção vascular e dinapenia (n=12-25,5%); GRUPO 2: DPOC + disfunção vascular (n=21? 44,6%); GRUPO 3: DPOC (n=14-29,7%). Após as análises estatísticas, encontrou-se diferença significativa entre o grupo 1 vs grupo 3 no que tange às variáveis de TC6m [329,7(93,0-523,2) vs 475,2)200,4-540,0), p=0,0032], PImáx [46,5(35,0-95,0) vs 69,5(42,0-76,0), p=0,0286], PEmáx [69,0(51,0-129,0) vs 119,0(59,0-172,0), p=0,0205] e VEF1 (0,93±0,44 vs 1,54±0,52, p=0,0020). Somado a isso, encontramos diferença significativa entre os grupos 2 vs grupo 3, referente ao VEF1 (1,06±0,40 vs 1,54±0,52, p=0,0039). O grupo 1 apresentou risco de mortalidade aumentado percorrendo <350m no TC6m e fraqueza muscular respiratória com PImáx <60cmH2O. Conclusões: Portanto, indivíduos DPOC com coexistência de disfunção vascular e dinapenia, apresentam desempenho funcional significativamente reduzido perante o TC6m, PImáx, PEmáx e VEF1 comparado a indivíduos DPOC. Adicionalmente, esse foi o único grupo que apresentou risco aumentado de mortalidade e fraqueza muscular respiratória.


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ISSN 2764-2135