"ELES ENXERGAM O SERVIÇO COMO UMA CARIDADE": A PRODUÇÃO DE SENTIDOS SOBRE A REALIDADE DA POPULAÇÃO DE RUA EM UMA CIDADE NO INTERIOR DO RS

Maria Luiza Adoryan Machado, Letícia Lorenzoni Lasta

Resumo


Considerando que a pessoa rualizada habita espaços públicos em cidades de pequeno, médio e grande porte, e que compõem um contingente populacional conhecido como ?população em situação de rua? (além de outros diversos termos/sinônimos atribuídos), sabe-se da importância em produzir (novos) saberes acerca de tal realidade, através de estudos teórico-práticos. Este trabalho de conclusão do curso de Psicologia da UNISC, que está em andamento, inspirou-se em um projeto social nomeado ?Coletivo RUAS (Resistências Urbanas = Aprendizados Subversivos)?, em que estudantes, professoras/es e comunidade em geral, desde 2014, promovem ações sociais com as pessoas que vivem em situação de rua. Essa ação engloba desde refeições coletivas, que são preparadas na rua, com os poucos recursos que o meio dispõe, até oficinas e palestras ministradas por pessoas que vivem na realidade de rua. No intuito de dar continuidade ao debate teórico-prático e, reconhecendo a lacuna existente sobre tal fenômeno, este trabalho, de cunho qualitativo, tem como objetivo principal verificar quais são as ações/projetos/programas direcionados às demandas da população de rua através das políticas públicas de assistência social, e, a partir disso, conhecer quais são os sentidos atribuídos pelas/os trabalhadoras/es atuantes nessa política a tais ações/projetos/programas. Sendo assim, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, na modalidade online, através de uma ferramenta de reunião virtual gratuita, com trabalhadoras/es que atuam em dois serviços públicos específicos. Para a análise de dados está sendo utilizada a proposta de autoras/es que se fundamentam no campo da Psicologia Social, mais especificamente do construcionismo social, para evidenciar a produção de sentidos das/os trabalhadoras/es. Até o presente momento temos resultados parciais que caracterizam as ações realizadas pelas trabalhadoras entrevistadas: a) acolhimento da pessoa rualizada, por busca ativa e/ou espontânea; b) abordagem social, realizada por uma monitora social; c) encaminhamento para pernoitar no serviço que dispõe de recursos básicos para alimentação, higienização e estadia noturna temporária; d) encaminhamento para atendimento com a técnica de referência; e) encaminhamento para confecção de documentos em geral; f) encaminhamento para serviços de saúde; g) encaminhamento para Setor de Habitação; h) encaminhamento para cidade de origem, nos casos de pessoas nômades/itinerantes; i) encaminhamento para entrevistas de emprego. Almeja-se, com este trabalho, produzir conhecimentos acerca da realidade em questão, além de que, reconhecermos a importância de promover vias possíveis para análise e debate com as/os trabalhadoras/es que atuam diretamente com as demandas que emergem do campo. Por fim, sabendo que a figura habitante de rua é diariamente estigmatizada, (sobre)vivendo nas margens do social, das cidades e das políticas públicas, e sem a intenção de produzir conclusões, propomos com este trabalho um olhar e escuta sensíveis frente aos sentidos produzidos por quem atua nas políticas públicas voltadas às demandas, que são permeadas de complexidades e desafiam o senso comum, que estigmatiza e exclui; através de ações de in/exclusão em relação à população de rua.


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ISSN 2764-2135