AS REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE NOS FILMES DE ANIMAÇÕES DAS PRINCESAS DISNEY

Letícia Fernanda Machado, Cheron Zanini Moretti

Resumo


As questões de gênero, de  raça e  de classe cada vez mais ocupam espaço em debates na sociedade em que vivemos. No entanto, esse espaço foi, e ainda é, fruto da luta e da resistência de grupos subalternizados, que sofrem às mais diversas formas de violência e opressão. No mesmo sentido, a necessidade de compreender como funcionam esses mecanismos de opressão e de dominação, além da maneira de como afetam a determinados grupos é urgente tanto quanto necessário. Deste modo, essa pesquisa busca entender quais as representações de gênero, raça e classe se encontram presentes em filmes de animação de princesas da Disney, tendo como alvo principal o público infantil, muito embora sejam consumidos e atuem pedagogicamente sobre homens e mulheres adultos (as). A pesquisa tem como objetivo principal a análise crítica do conteúdo pedagógico ao que se refere às questões de gênero, raça e classe nos filmes de animação Cinderella (1950), A Bela e a Fera (1991) e a A Princesa e o Sapo (2009). Os objetivos específicos se dão entorno das seguintes questões: entender o papel pedagógico e político do cinema frente à educação e à sociedade em geral; compreender como funciona a Indústria Cultural e, através dessa, estudar a ideologia e estratégias pedagógicas que a empresa The Walt Disney Company utiliza através de seus filmes animados; analisar, comparar e contrastar os enredos apresentados nos três filmes escolhidos. Considero a pesquisa aqui presente de cunho qualitativo tendo como metodologia a análise de conteúdo. Além disso, tomo como referência a pedagogia crítica. O critério de escolha dos filmes se deu a partir de alguns pontos em comum nas três animações, sendo possível destacar que, as três animações escolhidas, possuem jovens que não são princesas por nascimento. Ambas obtiveram o título depois do casamento. Foram feitas fichas de decupagens com falas e situações identificadas nos filmes, bem como imagens que fossem pertinentes aos objetivos de pesquisa. Dentre os resultados obtidos, é possível perceber que a The Walt Disney Company precisou mudar algumas das formas de contar histórias, no entanto, baseando-se sempre no discurso da inocência, padrões sociais opressores referentes a gênero, raça e classe ? intersecção presente em suas animações. Os personagens que não são considerados protagonistas, bem como imagens e narrativas que compõem as animações, dizem muito sobre o enredo e a ideologia conservadora presente nos filmes, assim como também sobre a instituição que os criou. Frente à análise dos filmes e de seus conteúdos, bem como às leituras relacionadas ao tema da pesquisa, considero que o cinema vai para além do lazer, pois tem capacidade de provocar reflexões e discussões em torno de importantes temas e questões sociais. Destaco ainda que a Indústria Cultural pode construir uma falsa ideia de democratização da arte, pois, por diversas vezes, acaba restringindo, uma grande parcela da sociedade, às narrativas e às representações singulares que correspondem a poucas realidades. Por fim, considero a importância das representações plurais em plataformas que tenham alto alcance, como é o caso das animações da Disney, principalmente, para que crianças de grupos subalternizados se reconheçam nos mais diversos espaços, além da importância para a construção de uma sociedade antipatriarcal, igualitária, antirracista e, para tanto, uma pedagogia libertadora e com comunicação popular.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135