CARACTERIZAÇÃO E NÍVEL DE DANO CAUSADO POR EPHESTIA SPP. (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE) E LASIODERMA SERRICORNE (COLEOPTERA: PTINIDAE) EM TABACO SECO

Milena Isabel Rauber, Cleder Pezzini, Andreas Köhler

Resumo


Os danos causados por insetos praga na pós-colheita são difíceis de serem quantificados, pois há uma série de outros fatores que afetam os produtos armazenados, podendo ser bióticos e abióticos. Durante o período de armazenagem do tabaco seco e de seus derivados, em nível de produtor, de indústria ou de distribuição, há dois grupos de insetos que causam danos ao tabaco, as espécies de Ephestia Guenée, 1845 (Lepidoptera: Pyralidae), e Lasioderma serricorne Fabricius, 1792 (Coleoptera: Ptinidae), conhecidos popularmente como traça e besouro do fumo, respectivamente. Esses insetos se beneficiam das condições existentes nos locais de armazenagem para seu proliferamente de modo acelerado, causando danos quali e quantitativos. O presente estudo teve como objetivo caracterizar e calcular o nível de dano quantitativo (%) causado pela ação de Ephestia spp. e L. serricorne no tabaco. Folhas secas de tabaco Virgínia e cigarros foram expostos a larvas de Ephestia spp. e L. serricorne, separadamente em placas de Petri, sendo avaliados e caracterizados os respectivos danos. Para calcular o nível de dano quantitativo (%) causado pela ação das larvas de Ephestia spp. e L. serricorne foi utilizado como fonte de alimento folhas secas de tabaco Virgínia ainda não processadas, para mensurar a área de dano foliar. Os tratamentos foram constituídos de larvas de Ephestia spp. com densidade de 5, 10 e 15 larvas e de L. serricorne com 5, 15 e 30 larvas, sendo condicionados em placas de Petri até a fase adulta. Para determinar o consumo (g), foi utilizada uma dieta a base de tabaco e de farinha de trigo. As larvas da traça se alimentaram do tabaco seco, sendo seus danos mais severos às folhas ainda não processadas, no cigarro o ataque foi menos comum. As larvas consomem principalmente a lâmina foliar, deixando apenas as nervuras da folha. Os danos são assimétricos, sem um formato específico. No cigarro, o inseto não ataca a região do filtro, apenas deixa buracos de formato indefina na haste, podendo ser oval alongado ou não simétrico. No cigarro, as larvas de L. serricorne adentram para o tabaco através da haste e do filtro, fazendo furos/galarias perfeitamente redondas. O número de perfurações dependeu da densidade de insetos. Nas folhas do tabaco ainda não processadas, os danos do besouro se caracterizam da mesma maneira, com perfurações circulares, sendo a preferência do inseto pela região onde se localizam as nervuras foliares. O nível de dano quantitativo (%) apresentou resultados variados de acordo com a densidade de infestação. Para Ephestia spp. a área consumida foi de 0,98 cm² para 5 larvas, 4,87 cm²  para 10 larvas e 6,38 cm² para 15 larvas. Para L. serricorne a área consumida foi de 2,37 cm² para 5 larvas, 2,94 cm²  para 15 larvas e 7,72cm²  para 30 larvas. Para completar seu desenvolvimento, cada larva de Ephestia spp. consumiu em média 0,39 g da dieta de criação. Larvas de L. serricorne tiveram um consumo médio de 0,10 g. Os danos causados por estes insetos afetam fortemente o valor econômico do tabaco e os tornam inadequados para posterior fabricação e exportação dos seus produtos. Portanto, o conhecimento sobre os danos e especialmente sua quantificação podem auxiliar na busca das melhores estratégias de manejo para estes insetos praga.


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ISSN 2764-2135