INFECCÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA ASSOCIADA AO USO DE CATETER: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO EM UMA UTI NEOPEDIÁTRICA NO SUL DO BRASIL

Nayanna Dias Bierhals, Betina Brixner, Flávia Baierle, Jane Dagmar Pollo Renner

Resumo


Introdução: As Infecções Relacionados à Assistência à Saúde (IRAS) são consideradas um grave problema de saúde pública no mundo, responsáveis pelo aumento de morbidade e mortalidade de pacientes hospitalizados. Entre as IRAS, as infecções da corrente sanguínea são as mais frequentes e, muitas vezes, estão associadas ao uso de dispositivos médicos invasivos, que facilitam a entrada de microrganismos patogênicos e resistentes aos antimicrobianos disponíveis no mercado. Em Unidades de Terapia Intensiva Neopediátrica, o acesso venoso para administração de antimicrobianos e nutrição parenteral geralmente é dado através de um cateter central de inserção periférica (PICC), pois o mesmo é capaz de diminuir o número de punções venosas realizadas. No entanto, o PICC não impede futuras complicações e seu uso prolongado ainda pode ser um fator de risco para os pacientes. Além disso, pacientes neonatos podem ser mais suscetíveis a infecções devido a sua prematuridade, baixo peso ao nascer e sistema imune não desenvolvido. Objetivo: verificar a prevalência e o perfil de resistência dos microrganismos relacionados às infecções por cateter central de inserção periférica dos pacientes internados na UTI Neopediátrica em um hospital no Sul do Brasil. Metodologia: foi realizado um estudo retrospectivo transversal e observacional de pacientes com notificação de infecção relacionada ao uso de PICC que estavam internados na UTI Neopediátrica, no período de 2016 a 2019. Os critérios de inclusão foram pacientes de ambos os sexos com idade inferior a um ano, enquanto os critérios de exclusão foram aqueles cujos prontuários estavam incompletos. Os dados foram obtidos através do sistema informatizado do hospital, juntamente com informações cedidas pela Comissão de Controle Hospitalar e, posteriormente, analisados por estatística descritiva de variáveis no software SPSS versão 23.0. Resultados: no período analisado, foram encontrados 78 pacientes com notificação de infecção relacionada ao uso de PICC, sendo 52,6% do sexo masculino, com pesos variando de 540 a 3680 gramas e 75,6% com idade gestacional inferior a 36 semanas. Referente à densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea, as mesmas foram 15,50, 11,36, 14,67, 11,02/1000 cateteres/dia, para os anos de 2016 a 2019, respectivamente. Quanto aos isolados bacterianos, foram encontrados dez diferentes gêneros, sendo o Staphylococcus coagulase negativa (SCoN) o mais frequente, em 57,4% dos casos, seguido da Klebsiella spp. e Pseudonomas spp., ambos com prevalência igual a 12,9%. Já em relação ao perfil de resistência, 53,5% dos isolados de SCoN eram resistentes à oxacilina e apenas 1% foi identificado fenotipicamente como Klebsiella spp. resistentes aos antibióticos carbapenêmicos. Conclusão: no presente estudo, foi observado a maior prevalência de SCoN nas infecções relacionadas ao uso de PICC, além de uma elevada taxa de isolados resistentes a oxacilina. É importante salientar ainda que, medidas simples e de baixo custo como a higienização de mãos e a correta assepsia do local de inserção do cateter são medidas preventivas importantes e que podem ajudar no aumento da segurança do paciente e na redução do número de infecções.

Apoio: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.


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ISSN 2764-2135