O ABUSO DE SUBSTÂNCIAS NA ADOLESCÊNCIA À LUZ DA PERSPECTIVA SISTÊMICA : UM ESTUDO DE CASO

Maurélei Juliana da Silva, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


A presente produção apresenta um material denominado  Teórico Analítico, que tem como objetivo relatar e discutir o estudo de um caso, que, por mim, vem sendo atendido, na função de estagiária de abordagem Sistêmica na equipe de Psicologia no Serviço Integrado de Saúde (SIS), da Universidade de Santa Cruz do Sul. A ação de atendimento psicoterápico emerge como atividade integrante do Estágio Integrado em Psicologia I, que tem como propósito validar a psicoterapia, uma das atividades obrigatórias a serem realizadas durante todo o processo de estágio I. Essa elaboração só foi possível a partir da análise dos atendimentos de psicoterapia individual e na construção do entendimento que se deu a cada evolução de prontuário. Como estrutura teórica, o material conta com a fundamentação na abordagem Sistêmica , a fim de proporcionar mais do que o entendimento do conteúdo e dilemas que cercam a queixa e a história da paciente, mas também as variáveis relacionadas ao ambiente familiar que configuram importantíssimo papel no caso a ser aqui discutido. Nesta análise, a paciente referida é uma adolescente de 17 anos, solteira, que reside no município de Santa Cruz do Sul - RS, e que, a partir de agora, será denominada ?Mari?, com a finalidade de preservar sua identidade. A paciente referida está  em atendimento pelo Serviço Integrado de Saúde (SIS) desde outubro de 2019, quando veio encaminhada pelo Laboratório de Práticas Sociais (LAPS), por apresentar crises intensas de ansiedade e automutilação. Fez uso de dois ansiolíticos e um antidepressivo até março, quando apresentou remissão dos sintomas, porém, por questão da pandemia, não consultou novamente o psiquiatra que também a atendia no SIS, pois o profissional se encontra afastado do serviço. Mari tem um histórico de vida marcado por fortes conflitos familiares. Desde sua infância, presenciou e vivenciou uma série de agressões físicas e verbais cometidas pelo pai, que é alcoólatra. Em sua infância, necessitou fugir de casa inúmeras vezes com a mãe e as irmãs, pois seu pai encontrava-se alcoolizado e intensamente agressivo. As irmãs apresentaram crises depressivas, e uma das delas chegou até a tentar suicídio. Em sessão, Mari relatou sobre a relação de abuso que mantém com bebidas alcoólicas há um certo tempo, e sobre o consumo constante de Cannabis, que vem realizando nos últimos meses. Conta que a utilização de ambas substâncias a possibilitam ?desligar? dos problemas, e, assim, o uso constante torna-se necessário para lidar com os problemas da vida. Diante do histórico da paciente e do conteúdo que foram desbravados nas sessões, desde o início do processo terapêutico, podemos apontar como hipótese diagnóstica Transtorno Depressivo Maior (TDM) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). No caso de Mari, seu cenário familiar apresenta diversos aspectos e padrões disfuncionais, que acabam gerando sintomas no sistema e prejuízo na vivência individual dos membros. Entre eles, evidencia-se as fronteiras difusas e papéis não definidos, o subsistema parental enfraquecido e as questões transgeracionais. Quando falamos sobre a contribuição da família na construção da identidade dos filhos, adentramos a reflexão sobre os sintomas que podem aparecer, caso a família enfrente dificuldades nesse processo, e o sintoma principal a ser discutido, neste material , é o de uso e abuso de substâncias, no qual surge com força na demanda da paciente em questão.

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ISSN 2764-2135