SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS: A ÁREA EXPERIMENTAL COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE SANTA CRUZ DO SUL.

Resumo

Este estudo apresenta um recorte do projeto de pesquisa (Des)colonialidade do ser/poder/saber na Pedagogia da Alternância: sistematização de uma experiência e tem como objetivo principal compreender a importância da Área Experimental como instrumento de promoção da saúde na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que nos detivemos a sistematizar os instrumentos pedagógicos e realizar uma análise da Área Experimental como um daqueles que tem potencial de promover saúde no contexto de alternância do tempo-escola e tempo-propriedade familiar e a comunidade. Para isso, acompanhamos as reuniões pedagógicas da EFASC, além de entrevistas com estudantes e monitores da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). Como orientação teórico-epistemológica, tomamos os princípios da educação popular, educação popular em saúde e da educação do campo como fundamentos. Por essa razão a observação participante também fez parte de nosso percurso metodológico. Os Instrumentos Pedagógicos são ferramentas utilizadas pela Pedagogia da Alternância, definida como meios de fazer com que haja aprendizagem contínua de modo a dar sentido às experiências teóricas pela vida cotidiana no campo.  A Área Experimental, um desses Instrumentos Pedagógicos, pode ser definida como um elemento de ligação entre o espaço escolar e o meio sócio profissional (propriedade familiar), assim como um espaço de ensino-aprendizagem (através) e de produção de alimentos. Esse conhecimento é sistematizado através do Caderno de Campo, uma ferramenta pedagógica. Ela destina-se a produção de alimentos para subsistência das famílias como também para a comercialização na Feira Pedagógica, outro Instrumento Pedagógico. Um ponto de relevância na discussão da Área Experimental como sendo um Instrumento Pedagógico é a relação com os saberes vindos das famílias e das comunidades para a autonomia dos estudantes, tanto financeira quanto em relação a sua saúde e de sua comunidade. Esse conjunto de saberes podem ser contraditórios, uma vez que a Área Experimental se destina à produção orgânica através de sementes crioulas e, na mesma propriedade, a maior parte da produção ser realizada com sementes transgênicas. No percurso da sistematização de experiências fica evidente o debate em torno da ?alimentação sem veneno? que é trazida pelo estudante do seu espaço, mas também consolidado com os saberes construídos na escola. Ademais, junto à Feira Pedagógica, esses saberes passam pelas comunidades gerando um debate sobre a qualidade da alimentação e a importância para sua saúde, o que capacita essas comunidades para a reflexão sobre saúde e a crítica ao modo de produção agrícola dominante. A partir deste estudo, percebe-se o potencial da Área Experimental como promotora de saúde, não só a nível individual, mas também coletivo, como também do debate em torno da agroecologia como alternativa à produção transgênica e ao uso de aditivos químicos, que colocam em risco a qualidade de vida das comunidades. Além disso, a Pedagogia da Alternância se faz conectando todos os instrumentos pedagógicos, 19 ao todo. Nesse caso, é nítida a articulação com a Feira Pedagógica, além do Espaço de Sementes Crioulas, o Caderno de Anotações da Alternância e as Visitas às Famílias.