RISCO CARDIOVASCULAR: A OBESIDADE MODERA A RELAÇÃO ENTRE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E PRESSÃO DE PULSO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES?

Tiago da Rosa Rambo, Náthalie da Costa, Éboni Marília Reuter, Ana Paula Sehn, João Francisco de Castro Silveira, Cézane Priscila Reuter

Resumo


Introdução: Estudos epidemiológicos de base populacional evidenciam risco cardiovascular aumentado nas fases iniciais e subsequentes do desenvolvimento humano quando considerado marcadores cardiovasculares, dados antropométricos, de aptidão física e estilo de vida. O índice de massa corporal (IMC), a aptidão cardiorrespiratória (APCR) e a pressão de pulso (PP), isoladamente, possuem potencial na identificação precoce do risco cardiovascular e, consequentemente, na predição de possíveis desfechos com o avançar da idade. Entretanto, poucos são os estudos que buscam analisar as interações destas variáveis quando utilizadas de forma conjunta. Objetivo: verificar o papel moderador do IMC na relação entre APCR e PP em crianças e adolescentes. Metodologia: estudo transversal e retrospectivo realizado no município de Santa Cruz do Sul/RS, com 1254 escolares de ambos os sexos, entre 7 e 17 anos, matriculados em escolas públicas e privadas localizadas na área urbana e rural. Os dados demográficos, sexo, zona de moradia e tipo de escola, foram obtidos por meio de questionário autorreferido; o IMC foi calculado utilizando peso (kg) e altura (m) previamente mensurados e classificado em baixo peso/peso normal, sobrepeso ou obesidade, segundo pontos de corte estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde; a APCR foi avaliada por meio do teste de  corrida/caminhada de 6 minutos, seguindo protocolo estabelecido pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) dicotomizando o desempenho em indicador de risco e saudável; a PP foi obtida pela diferença entre os valores de pressão arterial sistólica e diastólica, aferidos conforme orientações da VII Diretriz Brasileira de Hipertensão. As análises de moderação foram realizadas por meio de modelos de regressão linear múltipla utilizando a macro PROCESS para o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). A seguinte associação foi testada no modelo: IMC, APCR e interação (IMC x APCR) com a PP. Foram calculados intervalos de confiança (IC) de 95% para os coeficientes de regressão (ß). Valores de p<0,05 foram considerados significativos. Resultados: quanto aos dados demográficos, a média de idade dos participantes foi de 11,88 anos, havendo prevalência de meninas (54,7%), habitantes da área urbana (58,4%) e matriculados na rede estadual de ensino (54,5%). Em relação às variáveis de interesse, a média de PP obtida foi de 39,23 mmHg, a zona de risco à saúde para APCR foi evidenciada em 50,8% da amostra, o sobrepeso e a obesidade em 18,2% e 17,1% dos escolares, respectivamente. Indivíduos com sobrepeso que manifestaram indicador de risco para APCR não apresentaram relação com os valores de PP (ß: -0,062; IC 95%: -1,435 a 1,312; p=0,930); em contrapartida, indivíduos com obesidade que manifestaram indicador de risco para a APCR apresentaram aumento nos valores de PP (ß: 1,787; IC 95%: 0,274 a 3,300; p=0,021). Conclusão: quando os escolares foram classificados com obesidade, uma relação positiva foi observada entre APCR e PP, demonstrando o papel moderador do IMC no modelo.



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ISSN 2764-2135