NARRATIVAS SOBRE EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA PRODUZIDAS PELA UNESCO: LIMITES, CARACTERÍSTICAS E IMPASSES DE UMA INFLUÊNCIA INTERNACIONAL

Ingrid de Souza Seixas Lopes, Ana Carolina da Silva Pereira, Diego Orgel Dal Bosco Almeida, Eder da Silva Silveira

Resumo


O objetivo deste estudo é analisar as narrativas sobre Educação Secundária no documento ?Reforma da Educação Secundária? (2008), produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), compreendendo-o como um documento orientador das reformas educacionais relacionadas à Educação Secundária que ocorreram nos últimos anos na América Latina. Trata-se de um recorte de investigação do projeto de pesquisa intitulado ?Narrativas sobre políticas e experiências de Ensino Médio de Tempo Integral na América Latina?, com financiamento do CNPq via Edital Universal, e que vem sendo desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa ?Currículo, Memórias e Narrativas em Educação?, no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (PPGEDu/UNISC). O projeto tem como objetivo geral compreender e problematizar as narrativas referentes às políticas, à defesa e às experiências de Ensino Médio de Tempo Integral no contexto de reformas curriculares na América Latina contemporânea. Para isso, torna-se necessário relacionar o Programa de Implementação de Escolas em Tempo Integral para o Ensino Médio, do atual governo brasileiro, com protótipos de currículo defendidos por organismos internacionais para a América Latina, considerando os documentos recentes publicados pela UNESCO no Brasil, o PNE (Plano Nacional de Educação 2014-2024) e os dados do Observatório do PNE referente à Educação Integral. A análise, especificamente do documento de 2008 da UNESCO, permite considerar que as reformas curriculares atuais dirigidas para o Ensino Médio já eram defendidas por esse organismo desde 2008. Além disso, conforme o documento, o Ensino Médio já deveria possuir o foco na educação técnica e tecnológica e, também, considerar a orientação vocacional dos estudantes. Outro aspecto importante é o fato de o documento já apontar para os Estados preparem sistemas eficazes que ajudem os jovens ?a ocuparem seu lugar na sociedade de maneira produtiva?. Ou seja, o escrito aponta para tendências percebidas hoje em relação às reformas curriculares no Ensino Médio, uma vez que argumenta-se em prol de conceito de formação para o mercado de trabalho, valorizando  a educação profissional e parcerias com empresas para o desenvolvimento de programas de estudo e trabalho. Por conseguinte, o documento também aponta para a necessidade de se elaborar um currículo nacional único, flexível, que tenha conteúdos de aprendizagens diversos e uma parte de formação fundamental comum, ?que abarque a aquisição de competências genéricas essenciais?. Ainda que reconheça ?a educação secundária deve ser bem mais que a formação para habilidades?, contribuindo ?para o desenvolvimento holístico e para a autonomia do ser humano em sua totalidade?, o documento, contraditoriamente,  enfatiza que a educação secundária deve proporcionar aos jovens as habilidades que os tornem capazes de integrarem o mercado de trabalho como assalariados ou empreendedores. O documento defende uma educação secundária ainda dual (ou com ênfase para o ingresso na educação superior, ou com ênfase na formação profissional), sem haver um comprometimento com uma Educação Integral que supere esta dualidade. A análise segue em desenvolvimento, mas conclusões parciais já permitem observar que a UNESCO é um Organismo Internacional que influencia reformas e políticas educacionais contemporâneas na América Latina. O Novo Ensino Médio, no Brasil, carrega traços e elementos dessa influência.


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ISSN 2764-2135