BIOMONITORAMENTO DE UM TRECHO DO RIO PARDO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL, USANDO MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS

Régis Josué Bohn, Paulo Francisco Kuester, Graziele Dutra Stumm, Karine Erath Dores, Guilherme Mesquita de Souza, Andreas Köhler

Resumo


Incluem-se no grupo de macroinvertebrados bentônicos todos os invertebrados visíveis a olho nu e relacionados ao sedimento, à coluna d´água, ou associados a pedras, a raízes de plantas e a outros elementos presentes no corpo d?água, podendo passar todo ou parte do seu ciclo de vida nesse ambiente. Os mesmos possuem distintas tolerâncias à poluição, sendo suas populações afetadas pela interferência do homem. Por isso, são utilizados para fornecer dados de alterações na qualidade da água, em que muitos são considerados bioindicadores. O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade do corpo hídrico através de oito pontos amostrais ao longo de um trecho de cerca de 50 km do Rio Pardo, por meio dos índices biológicos Biological Monitoring Working Party (BMWP) e Average Score per Taxon (ASPT), que fazem o uso de macroinvertebrados bentônicos. Foram analisados também os valores de abundância e riqueza totais, frequência, dominância e riqueza de famílias de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT). As coletas foram realizadas em uma campanha nos dias 23 e 24 de março de 2019, em um trecho do rio que passa pelos municípios de Sinimbu, Herveiras, Gramado Xavier e Barros Cassal. As amostras foram retiradas com uma rede entomológica aquática do tipo puçá em ?D? com 0,20 m² de área e malha de 300 µm. Para a escolha dos pontos, foram levadas em conta as características que possibilitavam as coletas nos respectivos locais. Cada ponto foi formado por três estações de amostragem, totalizando 24 amostras de material biológico em um esforço amostral geral de cerca de 12 minutos. Para tanto, foram realizados arrastes por varredura pelo sedimento, buscando a representatividade dos mais variados habitats do rio, em diferentes substratos e fluxos de água. Em laboratório, classificou-se os organismos até o máximo nível taxonômico possível. Foram coletados 50.913 exemplares pertencentes a 81 táxons, sendo a maior riqueza observada nos pontos 7 e 8. Os táxons mais frequentes, sendo apontados como eudominantes, no estudo, foram Hydropsychidae (10.208; 20%), Simuliidae (7.735; 15,2%), Elmidae (7.220; 14,2%) e Baetidae (5.740; 11,3%). Já Chironomidae (4.383; 8,6%) e Leptohyphidae (3.382; 6,6%) foram caracterizados como dominantes. Os pontos 1, 2 e 8 apresentaram as maiores riqueza de famílias de EPT (15). Com o resultado da aplicação do índice biológico BMWP, a água de todos os ambientes analisados pode ser classificada como de classe 1, sendo considerada de qualidade excelente. Ao analisar os táxons que pontuaram no BMWP separadamente por grupos de sensíveis, tolerantes e resistentes aos impactos provocados no ambiente, foi evidenciado que os pontos 1, 3 e 6 apresentaram os maiores percentuais de táxons tidos como sensíveis, assim como as menores frequências de táxons considerados resistentes. Os valores obtidos pelo cálculo do ASPT atestaram água limpa para os pontos 1 e 3, enquanto que nos demais pontos a mesma foi categorizada como de qualidade duvidosa. Apesar dos pontos amostrados demostrarem resultados semelhantes, foi possível verificar variações específicas relacionadas à cada ponto, podendo estar diretamente associadas a alterações ambientais causadas pela atividade humana. Fazem-se cada vez mais necessários novos estudos abrangendo a diversidade e os habitats das comunidades de macroinvertebrados bentônicos, a fim de fornecer respostas do impacto da ação antrópica sobre a qualidade da água e da estrutura destas comunidades.

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ISSN 2764-2135