UMA EXPERIÊNCIA EM LINGUAGEM: BEBENDO D'ÁGUA VIVA, DE CLARICE LISPECTOR

Cássio Souza da Silveira, Ângela Cogo Fronckowiak

Resumo


Com uma regularidade muito grande, encontramos leitores que, ao se depararem com algum romance escrito por Clarice Lispector, comentam que ele foi de difícil entendimento, como se as palavras se embaralhassem e gerassem, com nenhum significado, o texto impresso nas páginas. Assim, neste trabalho, discutimos a questão da experiência leitora como forma individual de produção de sentido na obra Água viva, da autora. Para tanto, começamos com uma conceitualização da linguagem, visto que é a partir dela que o literário ganha sua forma, e abordamos o seu aspecto relacionado à criação de realidades, provindo da compreensão de que é, através dela, que damos o mundo particular de cada indivíduo, e não ao contrário: embora exista um mundo exterior que é comum a todos, existe, também, um único ? subjetivo ? intrínseco a cada ser humano que, se não pelas palavras, deixaria de existir. Seguimos com as ideias de experiência, apresentando-as como aquilo que acontece conosco e que gera uma resposta advinda também de nós, que não temos uma postura passiva diante do ocorrido. Tal evento, igualmente particular, ocorre uma única vez com o indivíduo, o que impossibilita a repetição por ele ou por outro da mesma vivência. Contudo, o contato íntimo com a experiência pode gerar mudanças e, até mesmo, novas experiências. Com tais esclarecimentos, reunimos considerações e partimos para o estudo da noção de experiência literária, analisando-a como aquilo que acontece ao leitor no momento de leitura de um desses textos, no qual ele entra em contato profundo com a realidade interior do escritor, que foi trazida à tona pelas palavras nas páginas em branco, provocando nele o passar por uma nova experiência. Embora, como já mencionado, Clarice seja comumente conhecida por escrever livros considerados herméticos, defendemos a ideia de que sua escrita tem a característica de uma obra de pensamento, a qual permite ao leitor, a partir do que já foi aqui apresentado, dar um sentido próprio ao que lê, já que somente ele ?sofreu? a experiência a qual se lançou ao ler o romance. Assim, demonstramos uma interpretação de Água viva, que serve como exemplo para a ideia que defendemos, não a considerando como única, mas como uma possibilidade. Um significado existente a partir da experiência literária de um leitor em específico. O trabalho teve início como uma monografia no curso de Letras/Português no ano de 2019. Neste momento, se mantém em processo de aprofundamento teórico conceitual através de uma bolsa voluntária no grupo de pesquisa Estudos Poéticos: Educação e Linguagem, vinculado aos programas de pós-graduação em Letras e em Educação da UNISC. A pretensão, ao final do estudo, é produzir um artigo científico, encaminhando-o a alguma revista da área de Letras.

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ISSN 2764-2135