Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

Introdução: O novo coronavírus Sars-Cov-2, agente etiológico da Covid-19, que emergiu no final do ano de 2019, na China, ataca, principalmente, o sistema respiratório e apresenta alta transmissibilidade, de modo que a doença adquiriu rapidamente status de pandemia. Diversos fatores facilitam a infecção, como morbidades associadas e tabagismo. Sabe-se que a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) atua como receptor funcional para o novo coronavírus, e o aumento de expressão dessa enzima foi observado em tabagistas, pacientes diabéticos e portadores de hipertensão arterial sistêmica em tratamento. Objetivo: identificar a prevalência de morbidades e tabagismo na amostra de Santa Cruz do Sul. Metodologia: este estudo é um recorte transversal de base populacional da pesquisa realizada nos 14 municípios do Vale do Rio Pardo,  em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (CISVALE), para mensurar a soroprevalência de Sars-Cov-2 na região. Até o momento, o estudo teve três etapas de coleta, com intervalos de 15 dias. A definição da amostra inclui a amostragem sistemática dos setores censitários, seguido de um sorteio dos domicílios de cada setor de acordo com o tamanho da amostra estipulada; no município de Santa Cruz do Sul, a amostra foi composta de 386 indivíduos em cada etapa. Em cada domicílio, a pessoa sorteada realiza o teste rápido para a detecção qualitativa de anticorpos IgG e IgM contra SARS-CoV-2. Se reagente, todos os moradores do domicílio presentes no momento da coleta são testados. Além disso, o sorteado responde a um questionário sobre sintomatologias, problemas de saúde, hábitos de vida. A coleta de dados foi feita utilizando um formulário on-line no software Epi InfoTM, versão para dispositivo móvel. As informações coletadas foram armazenadas pelo programa Stata® versão 11. A pesquisa atendeu a todos os preceitos éticos. Resultados: amostra totalizou 1158 indivíduos. Em relação às morbidades, 722 entrevistados possuíam ao menos uma, equivalendo a 64.64% da amostra. A frequência das morbidades foi: 1= 330 indivíduos (29.54%); 2= 164 dos indivíduos (14.68%); 3= 129 indivíduos (11.55%); 4= 63 indivíduos (5.64%); 5 = 24 indivíduos (0.72%); 7= 4 indivíduos (0.36%). Já a frequência de pessoas sem morbidades foi de 395, (35.36% da amostra). Em relação ao tabagismo, dos 1158 entrevistados, apenas 161, (13,94%) afirmam ter tal hábito de vida. Dentre os 33 indivíduos identificados com testes rápidos reatores, 3 informaram ser tabagistas e 21 que apresentavam ao menos uma morbidade, o que corresponde a 9.09% e 63,64%, respectivamente, dos casos positivos. Considerações Finais: é indubitável que o COVID- 19 atingiu uma escala mundial em que os impactos não se restringiram somente à saúde física dos indivíduos; de modo que hábitos da população influenciam diretamente na capacidade de infecção do vírus. Observa-se na amostra obtida, uma prevalência de tabagistas baixa quando comparada ao número de entrevistados com alguma morbidade associada. Entre os casos positivos, observa-se uma percentagem relevante de indivíduos com alguma morbidade, porém uma mais baixa entre os tabagistas. Portanto, fica evidente a significância desses dados enquanto incentivo à manutenção das medidas de segurança já implementadas, principalmente para aqueles pertencentes ao grupo de risco, sendo tabagistas ou não.