AMBULATÓRIO MULTIPROFISSIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTTQ+: RELATOS DA SUA IMPLANTAÇÃO E IMPACTOS À POPULAÇÃO ASSISTIDA

Luiza Pessi Rossetti, Ana Carolina Holde Pinheiro, Deise Micaela dos Santos, Cristiane Bonadeo Morinel, Guilherme Mocelin, Vera Elenei da Costa Somavilla, Analidia Rodolpho Petry

Resumo


INTRODUÇÃO: Atravessados pelas inquietações e questionamentos acerca do corpo e expressões de gênero, que não se enquadram nos padrões da sociedade heteronormativa contemporânea, emerge a criação do Ambulatório Multiprofissional de Atenção à Saúde da População LGBTTQ+ (AMBITRANS). Reflexo da percepção e realidade de uma população desassistida, que anseia por atendimentos singulares e especializados, essa iniciativa visa a diminuição das barreiras de acesso que estes indivíduos enfrentam frente aos atendimentos nos serviços de saúde e nos processos biotecnológicos para adequação do corpo e suas expressões de gênero. OBJETIVO: Apresentar a implantação e a trajetória do Ambulatório Multiprofissional de Atenção à Saúde da População LGBTTQ+. METODOLOGIA: Relato de experiência oriundo da criação do projeto de extensão Ambulatório de Atenção Multidisciplinar de Atenção à Saúde da População LGBTTQIA+ ?AMBITRANS?, que envolve os cursos de enfermagem, medicina, psicologia e tem suas atividades desenvolvidas no Serviço Integrado de Saúde (SIS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Atende, holisticamente, a população alvo e seus familiares. RESULTADOS: Após a criação do presente projeto de extensão, no ano de 2018, foram desenvolvidas atividades como: grupos mensais de atendimentos, atendimentos individuais, grupos de mães - sendo este uma demanda levantada a partir das necessidades observadas pelos participantes - e reuniões mensais de equipe. Ademais, foram realizadas reuniões com a Secretaria de Saúde de Santa Cruz do Sul, que resultaram em atividades junto aos profissionais da rede municipal de saúde, essa ação contou com a participação e capacitação de 31 enfermeiros. Através do sistema de referência e contrarreferência, o projeto conta com atendimento da rede de saúde municipal com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (CEMAS) e Centro Materno Infantil (CEMAI), além do aporte indireto de toda a rede. Atualmente, o serviço conta com 16 usuários diretos, além de seus familiares, proporcionando auxílio nos processos de ressignificação do corpo para que se adeque às necessidades individuais, familiares e sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A trajetória que culminou na criação do AMBITRANS e na adesão de indivíduos que fazem parte do universo trans, se deu de modo surpreendente, demonstrando que a percepção dos envolvidos era acertada em relação à necessidade do serviço na região. Essa realidade possibilitou a indivíduos que vivem no papel de gênero com o qual se identificam, que se automedicam e utilizam medicações vendidas de modo clandestino, buscar auxílio e possível melhora na qualidade de vida. Situações de sofrimento psíquico importantes e ideações suicidas, em virtude de sofrimentos decorrentes da segregação social vivenciadas cotidianamente, gritaram na porta do AMBITRANS, e puderam ser atendidas.

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ISSN 2764-2135