ESTUDO DE CASO SOBRE O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE: UMA VIDA EM JOGO

Stefanie Schmidt, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


O presente estudo compõe um trabalho apresentado à disciplina de Estágio Integrado em Psicologia I, realizado no Serviço Integrado de Saúde (SIS), localizado na Universidade de Santa Cruz do Sul ? UNISC. Tem como objetivo apresentar uma análise dinâmica de um caso clínico a fim de relatar a história de uma paciente de 30 anos de idade, cuidadora de idosos, aqui chamada de Roberta para preservar a sua identidade. Roberta foi encaminhada para o SIS, em meados de 2020, por sua psiquiatra, com o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. Ao todo, foram realizados três atendimentos no plantão/acolhimento e sete sessões de psicoterapia individual com a paciente. A metodologia utilizada foi o estudo de caso com base nos pressupostos teóricos da abordagem sistêmica, na qual consiste em abranger o contexto da paciente, levando em consideração sua história, suas relações e o ambiente que a cerca. Através das sessões, observou-se que Roberta, durante a infância, viveu em um ambiente sem estrutura familiar, no qual foi negligenciada e agredida pelo pai, que era alcoólatra e, por diversas vezes, foi deixada sozinha em casa por sua mãe quando pequena. Por um determinado período, os pais de Roberta romperam o convívio conjugal, momento em que sua mãe iniciou um relacionamento. No entanto, tal relação tornou-se abusiva, incluindo agressões verbais e físicas, o que proporcionou a retomada do relacionamento com o pai da paciente. Aos cinco anos, Roberta sofreu violação corporal. Quando tinha dez anos, seu pai veio a óbito. Durante a infância e início da adolescência, Roberta sofria bullying, pois não conseguia socializar com crianças e adolescentes. Na fase adulta, ela teve relacionamentos instáveis e abusivos. Aos vinte e três anos, tentou suicídio como forma de amenizar seu sofrimento. No decorrer das sessões, Roberta mencionou que sua mãe, ao ser diagnóstica com Alzheimer, precisou ser internada em uma clínica geriátrica e, devido as conflitivas entre ambas, as visitas da filha ocorriam de forma mensal, até sua mãe vir a óbito. Pode-se perceber que Roberta vivenciou diversos acontecimentos traumáticos durante o seu crescimento e desenvolvimento, o que influenciou no seu diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. Tal transtorno é considerado uma patologia grave, pois compromete diversas áreas de convívio do indivíduo: familiar, afetivo, social e ocupacional. Os principais resultados obtidos foram: a percepção de Roberta que os atendimentos no SIS são fundamentais para o tratamento de sua patologia, pois passou a demonstrar aumento da autoestima, maior autonomia para consigo e em suas relações afetivas e, a partir disso, começou a traçar metas para o futuro. Vale ressaltar que, apesar das evoluções da paciente, os resultados são parciais, em razão do seu acompanhamento psicoterapêutico se encontrar em andamento.


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ISSN 2764-2135