CONSTRUINDO SABERES: INTERVENÇÕES POSSÍVEIS ENTRE ESCOLA E SAÚDE NO ÂMBITO DA DROGADIÇÃO

Gabriela da Silva Oliveira, Mariana Teixeira, Kamilla Mueller Gabe, Suzane Beatriz Frantz Krug, Kayla Niandras da Silva, Edna Linhares Garcia

Resumo


A adolescência, etapa de transição da infância à vida adulta, pode ser entendida como um período de transformação, uma vez que é caracterizada por incertezas e por indefinições no âmbito da subjetividade. Além disso, a necessidade de uma identificação, a busca por apoio e por pertencimento incondicional nos pares e o anseio pela veiculação de sua imagem como sujeito independente, podem tornar muitos adolescentes vulneráveis e inclinados ao uso e abuso de drogas. Estudos apontam que o uso de substâncias psicoativas é um problema a ser tratado no âmbito da saúde pública, sendo necessário a articulação entre as instituições de saúde e de educação, em um trabalho intersetorial e interdisciplinar. Dessa forma, esse recorte da pesquisa ?Narrativas de adolescentes sobre drogas e os Serviços de Saúde Mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul?, tem como objetivo analisar a relação entre as instituições de saúde e as escolas no município de Santa Cruz do Sul, no que diz respeito às estratégias utilizadas na prevenção em saúde para com o público adolescente escolar. O estudo, de caráter qualitativo exploratório, utilizou-se da pesquisa-intervenção como método para a realização de entrevistas semiestruturadas, com profissionais que integram as Estratégias de Saúde da Família (ESFs), correspondentes às escolas indicadas pelo Programa Saúde na Escola (PSE). Os dados obtidos foram analisados a partir dos pressupostos de Mary Jane Spink acerca da produção de sentidos. Os resultados apontaram para dificuldades na abordagem da temática. Questões como falta de demanda e espera por solicitação, além da insegurança para tratar sobre o assunto, foram sentidos que se produziram nas narrativas dos entrevistados. Dentre as treze ESFs visitadas, cinco realizaram ações voltadas à saúde, sob o formato de palestras. A partir de análises de dados da pesquisa, compreende-se que atividades voltadas ao tema não devem estar limitadas a esse modo, pois podem caracterizar práticas verticais de aprendizagem, na qual o saber técnico predomina sobre a compreensão do ouvinte, colocando, nesse contexto, o adolescente em um papel de passividade. Nesse sentido, evidencia-se a carência de uma intervenção eficaz para a problemática do uso de drogas na adolescência. Enfatiza-se a necessidade do desenvolvimento de novas estratégias e atividades que visem trabalhar a temática das drogas na escola, preconizando o protagonismo juvenil como forma de capacitar a autonomia dos adolescentes. Ademais, deve-se considerar suas vivências e conhecimentos, criando um espaço de escuta, a fim de corroborar na construção de saberes que produzam sentido ao jovem escolar.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135