DOENÇAS CARDIOVASCULARES: CRIANÇAS E ADOLECENTES JÁ ESTÃO NOS ESTÁGIOS INICIAIS DE DESENVOLVIMENTO - ESTUDO LONGITUDINAL DE DOIS ANOS

Luiza da Silva, Ana Paula Sehn, Cézane Priscila Reuter, Jane Dagmar Pollo Renner, João Francisco de Castro Silveira

Resumo


 

Introdução: As doenças cardiovasculares são consideradas uma das principais causas de mortalidade mundial. Dessa forma, monitorar e avaliar seus fatores de risco desde a infância e adolescência é fundamental para prevenção precoce dessas doenças. Objetivos: Verificar o agrupamento de fatores de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes em dois momentos de avaliação e verificar as chances de permanecer com fatores de risco cardiometabólico agrupados, após um acompanhamento longitudinal de dois anos. Método: Estudo longitudinal com 358 crianças e adolescentes (153 meninos), com faixa etária de 6 a 16 anos no baseline (2014/15), do município de Santa Cruz do Sul/RS. Em ambos os períodos (2014/15 e 2016/17) foram avaliadas a aptidão cardiorrespiratória (APCR), circunferência da cintura (CC), glicose, pressão arterial sistólica (PAS), colesterol total (CT), colesterol de alta densidade (HDL-C) e triglicerídeos (TG). A APCR foi avaliada por meio do teste de corrida/caminhada de 6 minutos, seguindo os protocolos do Projeto Esporte Brasil. Para a avaliação da CC foi utilizada a parte mais estreita entre a última costela e a crista ilíaca, com fita inelástica. A aferição da PAS foi realizada pelo método auscultatório, utilizando esfigmomanômetro e manguito adequado. Glicose, CT, HDL-C e TG foram avaliados por meio da coleta sanguínea (soro) com jejum prévio de 12 horas. Para a análise de agrupamento de fatores de risco cardiometabólico, foram definidos como risco os quartis superiores de CC, glicose, PAS, razão entre CT/HDL-C e TG e o quartil inferior de APCR, de acordo com sexo e idade. Posteriormente, foram observados quantos fatores de risco agrupados os indivíduos apresentaram em ambos os períodos. O número de fatores de risco agrupados observado foi comparado com uma proporção esperada se os fatores de risco fossem distribuídos independentemente. Os valores foram expressos em razões de chances (RC) e intervalos de confiança (IC) de 95%. Além disso, RC de apresentar n fatores de risco em 2016/17 e IC95% foram calculados pela razão de fatores de risco observados/esperados em uma distribuição randômica, de acordo com o número de fatores de risco agrupados em 2014/15. Resultados: Em 2014/15, foram observados 1,47 (IC95%: 1,15; 1,86), 3,12 (IC95%: 2,26; 4,31) e 12,04 (IC95%: 7,67; 18,91) mais vezes do que o esperado de participantes apresentando 3+, 4+ e 5+ fatores de risco agrupados, respectivamente. Em 2016/17, foram observadas 2,53 (IC95%: 1,77; 3,60) e 12,04 (IC95%: 7,67; 18,91) mais vezes do que o esperado de participantes apresentando 4+ e 5+ fatores de risco agrupados, respectivamente. Além disso, as chances de apresentar 3+ fatores de risco em 2016/17 foram de, pelo menos, 1,9 vezes mais do que o esperado para aqueles que possuíam 3+ fatores de risco agrupados em 2014/15. Essas chances aumentaram conforme maior fosse o número de fatores de risco agrupados em 2014/15. Conclusão: Foram observados mais participantes do que o esperado apresentando 3+, 4+ e 5+ fatores de risco agrupados em 2014/15, enquanto que foram observados mais participantes do que o esperado com 4+ e 5+ fatores de risco agrupados em 2016/17. As chances de apresentar mais fatores de risco agrupados em 2016/17 aumentaram de acordo com o número de fatores de risco agrupados apresentados em 2014/15, ou seja, quanto maior fosse o número de fatores de risco agrupados em 2014/15, maiores as chances de apresentar o mesmo número de fatores de risco ou mais em 2016/17

 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135