Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

Introdução: O tratamento endodôntico promove a limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares (SCR) preparando-o para a obturação, de modo a isolar a comunicação entre o ambiente interno do canal e o periodonto. No entanto, em alguns casos específicos, durante o tratamento endodôntico, se faz necessário o uso de cimentos para vedar a ocorrência de comunicações iatrogênicas entre o canal e o periodonto. Para isso, busca-se usar materiais que apresentem propriedades como biocompatilidade e capacidade osteogênica, que possibilitem o reparo dos tecidos afetados pela perfuração. Objetivo: Revisar na literatura os principais cimentos reparadores indicados para as perfurações na endodontia. Metodologia: O presente estudo é do tipo revisão de literatura realizada através de artigos atuais, entre os anos de 2018 a 2020, nas bases de dados do PubMed, Scielo e em jornais específicos da endodontia. Resultados: Os principais cimentos endodônticos indicados nas situações de perfurações radiculares são materiais biocerâmicos, podendo ser utilizados em outras situações da endodontia como: obturação, retrobturação nas cirurgias parendodônticas, procedimentos conservadores da polpa como pulpotomias e revascularização pulpar. Os principais cimentos do grupo de biocerâmicos na atualidade são o Agregado Trióxido de Mineral (MTA) e o Biodentine. O MTA apresenta propriedades ideais de um material reparador: grande biocompatibilidade, indução de regeneração tecidual, capacidade osteogênica, efeitos antibacterianos e radiopacidade. Além disso, a presença de umidade não interfere na reação de presa e na resistência do material. Porém, há evidências de que o óxido de bismuto compromete a estética por promover escurecimento na estrutura dentária, bem como interfere no mecanismo de hidratação, promovendo falhas na microestrutura. Como consequência, há um aumento na porosidade, resultando na diminuição da resistência do material. O Biodentine é um cimento bioativo à base de silicato de cálcio que apresenta propriedades mecânicas semelhantes à dentina. Apresenta em sua composição o silicato tricálcico em substituição ao cimento Portland, fator que permite um melhor controle sobre as impurezas. Suas indicações são semelhantes às do MTA, e, por apresentar essa similaridade, foi lançado comercialmente como uma opção a seu emprego, porém, devido ao seu alto custo comercial, ainda não é muito empregado para resolução de casos clínicos. Conclusão: Os cimentos endodônticos reparadores como MTA e Biodentine, vem sendo amplamente inseridos no uso cotidiano da endodontia frente às situações de perfurações e outras indicações. São materiais que apresentam ótimos resultados quando bem empregados. Porém, ainda que promissores, permanecem sendo fonte de diferentes estudos para elucidar eventos celulares e moleculares que modulam o seu reparo tecidual proporcionado.