DEMANDAS DE SAÚDE NA ESCOLA: SOBRECARGA PARA A EDUCAÇÃO?

Denise Vidal, Rayssa Madalena Feldmann, Laís Machado Corrêa, Laura Silva Geller, Leni Dias Weigelt, Edna Linhares Garcia

Resumo


A adolescência é uma dimensão da vida marcada por inúmeras mudanças, biológicas, psicológicas e sociais, que afetam o modo de perceber o mundo e, consequentemente, de interagir com ele. Nesse momento da vida, os jovens colocam a prova os valores e preceitos que aprenderam, no intuito de definir quais deles fazem sentido para si. Nesse processo de subjetivação é comum que se exponham a mais riscos, entre eles a drogadição. Nessa perspectiva, o presente trabalho representa um recorte da pesquisa ?Narrativas de Adolescentes sobre Drogas e os Serviços de Saúde CAPSIA e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul?, que visa compreender quais os sentidos que os jovens produzem acerca da temática das drogas e da drogadição.  A pesquisa, para além do trabalho com os adolescentes, também lança um olhar às equipes diretivas das escolas, bem como aos profissionais de saúde. Essa escrita, põe foco nas narrativas das equipes diretivas, que, por sua vez, permitem uma problematização acerca do papel dos educadores. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e a análise dos mesmos é feita pela perspectiva da análise de sentidos, proposta por Spink. Importante considerar que não se passa pela adolescência sozinho, mas em uma constante relação com o outro, seja com pares, com a escola, com a família, com a rede de saúde, entre tantos outros, ou seja, está em constante troca de conhecimentos com seu meio e as pessoas que o cercam. Os dados reafirmam a complexidade da adolescência e a relação para com muitos adolescentes configura uma tarefa desafiadora, que desacomoda e exige que os adultos repensem constantemente seus ideais e práticas. Aos profissionais da educação, cabe auxiliar os jovens na aquisição de conhecimento e na construção de princípios. A análise aponta para uma sobrecarga dos profissionais de educação frente às diversas questões que se apresentam para além das atividades do currículo escolar, pois se impõe a necessidade de lidar com temáticas como a drogadição, depressão, bullying, sexualidade, abuso intrafamiliar, negligência, entre outros. O adolescente chama atenção dos profissionais da educação para suas demandas, anunciando que a escola pode ser um espaço de saúde. Nesse contexto, cabe problematizar o cenário no qual a educação se encontra, com constantes cortes de verba, mudanças de currículo e estrutura de ensino, redução de salários e servidores. O sentimento de impotência dos profissionais de educação frente a tantas demandas aparece nas narrativas, evidenciando também a preocupação desses profissionais com a vida dos jovens. Torna-se necessário construir estratégias de cuidado para esses profissionais, promovendo a articulação das redes de educação e saúde de forma mais efetiva, de modo a evitar tal sobrecarga. A tarefa de criar dispositivos de cuidado, inevitavelmente passa pela escuta daqueles que estão inseridos no contexto em questão, e, por meio dessa pesquisa, escutamos que a educação clama por ajuda.


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ISSN 2764-2135