APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ESTÁ INVERSAMENTE ASSOCIADA À ADIPOSIDADE E À FREQUÊNCIA CARDÍACA EM TRABALHADORES DA INDÚSTRIA

Vanessa Regina Jung, Patrik Nepomuceno, Hildegard Hedwig Pohl, Miriam Beatrís Reckziegel

Resumo


Introdução: Avaliar a aptidão cardiorrespiratória em teste de esforço, apresenta-se como um dos métodos não-invasivos amplamente utilizados para diagnóstico de doenças cardiovasculares. A análise do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), assim como da frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) em repouso, no exercício e na recuperação, fornecem informações sobre a saúde das pessoas, uma vez que anormalidades encontradas nas respostas dessas variáveis representam fatores de risco a doenças crônico-degenerativas. Outros fatores e características corporais podem apresentar relação com essas respostas cardiorrespiratórias, dentre as quais se destaca a adiposidade corporal. Objetivo: o presente estudo teve como objetivo identificar as possíveis associações entre a aptidão cardiorrespiratória com variáveis cardiovasculares e de adiposidade em trabalhadores industriários. Metodologia: este estudo transversal constou da avaliação de 39 trabalhadores industriários, com idade de 26 a 50 anos, de ambos os sexos (27 mulheres), residentes no município de Santa Cruz do Sul/RS. Foi avaliada a aptidão cardiorrespiratória por teste cardiopulmonar de esforço, em esteira ergométrica, utilizando-se o protocolo de Bruce Modificado, com análise da FC (obtida através de cardiofrequencímetro), PAS e PAD (obtidas com esfigmomanômetro e estetoscópio)  em repouso e recuperação. Já para definição das variáveis antropométricas e de adiposidade foram avaliados: água intra e extracelular, massa corporal, massa musculoesquelética, massa gorda, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura (%G), relação cintura-quadril (RCQ), área de gordura visceral (AGV); utilizando-se o aparelho de Bioimpedância Tetrapolar INBODY 720; assim, os trabalhadores seguiram as seguintes recomendações: não consumir de álcool 48 horas antes do teste; manter jejum prévio de 12 horas, não realizar exercício de intensidade moderada à elevada nas 12 horas que antecedem a avaliação; não realizar o teste na presença de um estado febril ou de desidratação; ir ao banheiro antes do teste; remover joias e objetos metálicos e usar roupas leves. A análise estatística foi realizada no software SPSS (versão 23.0), os dados foram analisados por meio de correlação; a distribuição foi verificada através do teste de normalidade de Shapiro-Wilk, utilizou-se correlação de Pearson para variáveis com distribuição normal e correlação de Spearman para variáveis com distribuição não normal, considerando p>0,05. Resultados: os resultados apontam relação inversa e fraca, entre IMC (r=-0,378; p=0,018), RCQ (r=-0,345; p=0,031), AGV (r=-0,382; p=0,016) e FC de repouso (r=-0,347; p=0,031). Também se observou relação inversa e moderada entre VO2máx com %G (r=-0,466; p=0,003) e massa gorda (r=-0,404; p=0,011), indicando que pessoas com excesso de gordura corporal apresentaram valores inferiores de condição cardiorrespiratória, as demais variáveis apresentaram correlações fracas e não significativas (r<0,300; p>0,05) Conclusão: os resultados sugerem que trabalhadores industriários com índices de adiposidade, de distribuição de gordura corporal e cardiovasculares elevados podem apresentar padrões reduzidos de capacidade cardiorrespiratória. Ressalta-se, assim, a necessidade de aprofundar estudos dessa natureza, avaliando um maior número de trabalhadores, com o intuito subsidiar ações de melhoria da saúde do trabalhador.


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ISSN 2764-2135