ROTATIVIDADE DE SERVIDORES EM UM SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Caroline Lorena Schulte de Freitas, Sarah Fernanda Etges da Rosa, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


A análise institucional ocorreu durante o Estágio em Psicologia em um Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) no interior do RS. Devido à grande taxa de mudanças na equipe, a pesquisa objetivou analisar a rotatividade de servidores na instituição e a sua relação com o serviço prestado à comunidade, identificando vantagens e desafios. Para provocar reflexão e mudança, a ação do instituinte e do organizante, da autoanálise e da autogestão, a metodologia foi constituída pela observação participante, pesquisa bibliográfica e documental e em entrevista semiestruturada. Foram entrevistados 13 profissionais dos últimos 5 anos, sendo 5 psicólogos(as), 6 assistentes sociais e 2 (ex)coordenadores. Foram construídos três marcadores de análise: Serviço Público e CREAS Acolher; Percepções e Impactos da Mudança de Servidores; e Adaptação e (Re)organização. As características negativas do Serviço Público e do CREAS Acolher comentadas foram: a grande demanda, a desvalorização social e governamental, a burocracia, as interferências externas e a judicialização do serviço, a fragmentação da rede, a sobrecarga emocional e a ideia de assistencialismo, o assédio moral, a falta de recursos humanos e a rotatividade de servidores. Apenas um entrevistado afirmou não reconhecer a rotatividade na instituição, e somente um declarou que sofreu com uma mudança involuntária. As possíveis causas das mudanças comentadas foram: a falta de concursos públicos e a mudança de secretário municipal na gestão. Os profissionais elencaram pontos positivos da rotatividade: possibilita relacionar-se com diferentes profissionais, áreas e serviços, desacomoda o servidor, impede a sobrecarga do trabalhador e pode propiciar novas soluções para problemas antigos. Como argumentos negativos, a mudança excessiva provoca instabilidade, menos investimento financeiro e desorganização, permite que se perca produtividade e historicidade, a expertise de especialistas e técnicos de referência, aumenta erros procedimentais e sobrecarrega demais servidores, causa impactos negativos na motivação, no comprometimento e na imagem da organização, na qualidade e na consistência do serviço, provoca insegurança e danifica, principalmente, o vínculo usuário-técnico. Similar às outras instituições, o CREAS não concede nenhum tipo de treinamento prévio, o que fez com que o local criasse uma sistematização específica adaptada as suas necessidades. A característica mais estimada do serviço, a segurança, em termos de estabilidade e contrato, não impede que o trabalhador sofra com precariedade, desproteção, vulnerabilidade e inseguranças administrativas, organizacionais e subjetivas. Nesse cenário, faz-se necessário a construção de estratégias no nível individual e no nível institucional. Como solução, os entrevistados elencaram a construção de mais CREASs e uma rede de assistência básica mais forte, com a adição de mais CRASs ao município, uma equipe mais permanente e o investimento na qualificação dos trabalhadores. Compreendeu-se como a Política de Assistência Social, o Serviço Público e o CREAS se relacionam entre si, como a rotatividade funciona e como afetada positiva e negativamente a instituição, interferindo na qualidade do serviço, e de que maneira são entendidos a alteração de servidores, confrontando a lógica instituída e as incongruências.

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ISSN 2764-2135