AVALIAÇÃO DA ECOTOXICIDADE E GENOTOXICIDADE DO AZAMAX®, UTILIZANDO EISENIA ANDREI COMO ORGANISMO-TESTE

Priscila da Silva de Araujo, Daiane Cristina de Moura, Alexandre Rieger, Eduardo Lobo Alcayaga

Resumo


A agricultura é essencial para nosso desenvolvimento e seus processos vêm se modificando ao longo dos anos, sendo que a maior questão da agricultura atualmente é aumentar a produtividade e garantir a conservação ambiental. Para a resolução desse conflito um método empregado é a não utilização de agroquímicos, e, em substituição a esses, o uso de produtos alternativos, como os inseticidas de origem natural. Sendo um dos inseticidas de origem natural mais utilizado no combate às pragas na agricultura o Azamax®. O Azamax® é feito à base de óleo de Nim formulado a partir do extrato vegetal de Azadiractha indica. Por ser considerado um inseticida de origem natural, muitas vezes, seus efeitos adversos acabam por serem menosprezados. No entanto, necessita-se de estudos referentes ao potencial tóxico desses produtos e seus possíveis efeitos ambientais. Dentre os métodos empregados nesses estudos, destacam-se os testes ecotoxicológicos e genotoxicológicos, pois são importantes ferramentas para o monitoramento do potencial tóxico dos mais diferentes compostos, visto sua capacidade de detectar potenciais substâncias prejudiciais aos organismos vivos. Em relação às avaliações toxicológicas do meio terrestre, salienta-se o uso de Eisenia andrei como organismos-teste. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a ecotoxicidade e genotoxicidade do Azamax®, utilizando Eisenia andrei como organismos-teste. Os ensaios ecotoxicológicos seguiram o estabelecido na norma técnica brasileira ABNT nº 15537/2007. Para os testes utilizou-se a concentração de Azamax® de 1 ml L-1, a menor concentração de uso recomendada pelo fabricante. Para a aplicação do EC o material passou para uma solução de lise por 1 hora e posteriormente por eletroforese (20V/cm; 300mA) de 30 min em tampão alcalino (pH>12), sendo posteriormente neutralizadas, fixadas e então coradas a base de nitrato de prata, e analisadas em microscopia óptica. Calcularam-se a Frequência de Dano (FD) e o Índice de Dano (ID), ambos comparados a um controle negativo (CN). Os valores de FD e ID foram estandardizados em relação à respectiva média do CN. As diferenças estatísticas foram estabelecidas utilizando a prova não paramétrica de Mann-Whitney. Os testes ecotoxicológicos indicaram ausência de ecotoxicidade de todas as amostras, pois não se observou mortalidade individual de organismos-teste, nem alterações morfológicas ou comportamentais. Em relação aos testes genotoxicológicos, as amostras apresentaram uma variação de potencial genotóxico ao longo do tempo. Verificou-se que, de todos os períodos de amostragem (1, 2, 7 e 14 dias), o 1°dia de exposição foi o único no qual se observou genotoxicidade, tanto em relação ao FD quanto em relação ao ID, apresentando uma FD 2,7 vezes maior que o CN e o ID 3,5 vezes maior que o CN. Assim, concluímos que é de extrema importância o uso conjunto de testes ecotoxicológicos e genotoxicológicos, reafirmando a eficácia do teste do Ensaio Cometa, bem como o uso de E. andrei como organismo bioindicador para a avaliação de toxicidade no meio terrestre. Ressalta-se, ainda, que mesmo sendo de origem natural, deve-se ter cuidado no manuseio e aplicação do Azamax® em nosso ambiente, uma vez que mesmo em sua menor concentração foi capaz de ocasionar efeitos genotóxicos significativos.


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ISSN 2764-2135