ANÁLISE COMPARATIVA DO pH DE DIFERENTES SUCOS DE UVA INDUSTRIALIZADOS
Resumo
Com a redução da prevalência da cárie dentária, através de ações de promoção da saúde bucal, outras alterações dentárias estão sendo percebidas mais frequentemente, exigindo o conhecimento quanto à sua etiologia e prevenção. Entre elas está a erosão dental, caracterizada pela dissolução química da estrutura dentária por ácidos, os quais podem ser intrínsecos, devido à problemas como refluxo gastroesofágico e bulimia, ou extrínsecos, quando presentes na dieta ou no ambiente. O aumento da erosão dental se deve, principalmente, à mudança de hábitos alimentares da população, que passou a consumir mais produtos industrializados, os quais são potencialmente erosivos quando apresentam pH abaixo do crítico para o esmalte. Objetivo: Analisar e comparar o pH de diferentes sucos e néctar de uva disponíveis no mercado, considerando seu possível impacto na erosão dental. Metodologia: Foram avaliadas 10 bebidas à base de uva, disponíveis em caixinha e garrafa, de seis marcas diferentes. Primeiramente as amostras foram enumeradas e depois os sucos foram colocados em copos de Becker separadamente. Diluiu-se 25 mL dos respectivos sucos em 50 mL de água deionizada medindo-se o pH de cada solução, com o pHmetro da marca Quimis, até valor constante e, simultaneamente, a temperatura da solução foi determinada. Em um segundo momento, para determinação do teor de acidez titulável, utilizou-se uma solução padronizada de NaOH 0,1 mol L-1 para titular as amostras em estudo utilizando-se titulação potenciométrica e agitação magnética. Resultados: De acordo com as informações do fabricante, as bebidas avaliadas apresentaram concentração de suco da fruta variando de 22,4 a 100%. O pH variou de 2,88 a 3,28. O menor pH (2,88) foi encontrado no néctar de uva, o qual contém 22,4% de suco natural. Considerando as seis bebidas com suco integral (100% de suco), todas apresentaram baixos valores de pH, variando de 2,97 a 3,28. Quanto à acidez titulável, os valores encontrados foram de 0,28 a 0,75 g% em ácido cítrico, indicando que há alta concentração de hidrogênios ionizáveis disponíveis nas amostras, os quais podem ser responsáveis por dissolver os cristais da superfície do dente. Por outro lado, os valores comparados a legislação estão adequados. Apenas duas amostras não apresentaram valores de acidez titulável maiores que 55 meq de ácido cítrico, conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em 2018. Assim, devido ao baixo pH e acidez titulável potencial das amostras, e dependendo da forma de seu consumo e de fatores como capacidade tampão da saliva, e demais componentes presentes, todos podem provocar erosão dental. Independente da concentração de suco de uva natural das bebidas avaliadas, todas apresentaram potencial erosivo, reforçando a importância de orientação à população em relação à frequência e forma de seu consumo.
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ISSN 2764-2135